Dr. Célio FroisDr. Célio Frois é cardiologista, professor e titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia

Antes da Cardiologia, um Raio-X social

Dr. Célio Frois
Publicado em 31/03/2023 às 06:05.

Apenas 6% dos brasileiros confiam em políticos. A maioria se encontra em processo de insatisfação, decepção ou indignação. Faço parte dos que carregam os três sentimentos, mas também, há mais de 20 anos, dedico minha vida à vida do próximo, como Médico ou Professor. Entendo que nossas escolhas asseguram o merecimento que vamos obtendo na vida. O que plantamos, colhemos.

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A medicina, por exemplo, deve focar em diagnosticar patologias e propor terapêuticas. Em termos populares, identificar as doenças e sugerir tratamentos. Mas, além disso, é preciso olharmos para “o todo” – ou seja, a realidade na qual estamos inseridos, e é este balanço que farei hoje, com o adendo daquilo que entendo por sensação de pertencimento ao nosso meio.

Observamos quedas vertiginosas em índices como alfabetização, poder aquisitivo e, ao mesmo tempo, sobram muitos benefícios para quem deveria cuidar de moldar recursos financeiros com base nas urgências de cada região. Não podemos normalizar o feminicídio, a fome, a insegurança alimentar, o desemprego e a completa falta de articulação para que a atividade mineradora, por exemplo, seja equilibrada e não cause nenhum prejuízo ao meio ambiente.

Quanto ao saneamento básico, o percentual médio de moradias com acesso à rede coletora de esgoto chega a 77,3% em Minas. É certo uma a cada quatro famílias não contarem com dignidade na higiene? Não, não é. E eu não vou minimizar os desafios e relativizar as “patologias (doenças) sociais”. Pretendo diagnosticá-las e só descansar após minimizar cada ineficiência do município ou mesmo do estado, como faço com meus pacientes, enquanto não consolidam a cura. Penso que São Tomás de Aquino resume bem o importante de nossa passagem na Terra: “o amor é a alegria pelo bem; o bem é único fundamento do amor. Amar significa querer fazer o bem para alguém”.

Agora, é importante frisar que a correta noção de cidadania nos ajuda a melhorarmos o contexto em que estamos. Vivemos no passado e encontraremos, no presente e no futuro, fases difíceis, tomadas por inquietudes, bem como temporadas felizes e que nos encherão de orgulho. O que não pode mudar? A solidez da nossa sensação de pertencimento. O patriotismo não deve depender de lideranças ou partidos, mas da dádiva que é nascermos no país com a maior biodiversidade e miscigenação da Terra.

Tenhamos gratidão e honra, permanentes, por sermos brasileiros, mineiros e, sobretudo, filhos de uma região que tem História, vivacidade e motivos suficientes para batalharmos em seu nome.

Dr. Célio Frois é cardiologista, professor e membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

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