Rodrigo Célio de CastroRodrigo Célio de Castro é especialista em Gestão Pública e Presidente do Conselho do Instituto Célio de Castro.

A boa gestão requer cuidado com as palavras

Publicado em 05/06/2023 às 06:00.

Sou contra a condução da esperança coletiva em ciclos intermitentes de frases fortes e clichês. Sou contra a idolatria personificada, que leva a exaltações de um herói ou mito, tão rasos quanto o ideal que exalam pelo combustível do ódio, na construção de um personagem. Sou contra a negação permanente de responsabilidade e a síndrome de vitimismo, que buscam blindar um agente público, a qualquer custo, de seus mais básicos compromissos de dignidade, honestidade, preciosismo e cuidado na gestão pública. Sou contra o surgimento de discursos pautados no populismo. Sou contra os que fogem às responsabilidades de seus erros e apontam o outro como escudo para suas falhas, sejam elas nas atribuições do Executivo, sejam elas em lacunas de caráter.

Também sou contra, enfatizo, os que dizem, no exercício de uma função pública e com um mandato que deveria sustentar a harmonia entre os distintos segmentos sociais, que preferem um filho morto em acidente, a um filho homossexual, ou que defendem salários menores às mulheres, “porque elas engravidam”. Sou contra os que apontam como fascistas, aqueles que defendem um ponto de vista distinto e acusam de elitistas, os que não compactuam com um modelo de governança que celebre o estabelecimento de um vínculo sólido e duradouro com programas assistenciais, e não a sua breve superação em virtude de melhorias tangíveis, e não paliativas, na macro condição social de uma nação. Sou contra os extremismos alimentados por quaisquer governantes, em prol de suas alianças construídas via “conveniência da vez”. Sou contra o estímulo a uma guerra de palavras e contra quem promove dicotomias, como se a vida fosse uma eterna disputa pela aniquilação do intelecto alheio, e não uma grata oportunidade para ganharmos novos aprendizados, a cada dia, com o diferente.

Sou a favor de construirmos um novo cenário político para o Brasil, e especialmente em BH, a partir de uma superação completa do velho, e não de mais uma chance para aquele que consideramos “menos ruim”. Chega do “menos ruim” – não é hora de oferecermos “um último voto de confiança” a quem o nosso filtro ideológico um dia já admirou. É hora de colocarmos no mesmo patamar, de uma vez por todas, os que se igualaram na traição da esperança social. Não há melhor ou pior, quando o “pecado original” é idêntico. Sou a favor de elegermos quem apresentar competência no plano de governo e um equilíbrio mínimo na exposição de seus argumentos e de suas ideias.

Sou a favor de conduzir o Brasil e BH, quem não colocar a técnica à frente da ética; elas devem caminhar em sintonia. Sou a favor de vencer eleições, candidaturas que lutarem verdadeiramente o bom combate, ou seja, respeitando os adversários políticos e demonstrando ser um brasileiro que ama o país do melhor modo: sem sangue nos olhos. Sou a favor de exigirmos decência e civilidade, sempre.

*Rodrigo Célio de Castro é especialista em Gestão Pública e Presidente do Conselho do Instituto Célio de Castro

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