A totalidade dos especialistas em gestão pública, dentre os que são moderados e pensam na administração das cidades com a premissa de poderes em harmonia, encontram-se preocupados. Especialmente no que diz respeito à nossa querida Belo Horizonte. Penso que há alterações de tom, forma e conteúdo na expressão de agentes públicos, que muito comprometem o principal: a resolução de eventuais problemas, dissensos, conflitos e, especialmente, a construção de soluções ágeis, efetivas e com o mínimo possível de ruídos.
Quando você ocupa posições de liderança, independentemente de parlamentos, prefeituras ou empresas, o principal componente a se fazer valer, nas instabilidades naturais da sociedade, é a inteligência emocional. Um chefe de Poder, seja ele Executivo, Legislativo ou Judiciário, bem como os CEOs contemporâneos não devem mais buscar apenas o papel de exemplo e espelho. Há que se ter a capacidade plena de transferir o capital intelectual e as estratégias de manter o leme firme, ainda que a turbulência seja desafiadora.
Belo Horizonte enfrenta, dentre vários problemas graves, como Saneamento Básico insatisfatório, Educação em situação de franca necessidade de melhorias urgentes e insegurança generalizada, um diferenciado, no atual contexto urbano: o transporte público. Por mais humanista e de tendência abertamente progressista, devo dizer que ofender empresários, ainda que com o intuito de proteger a população mineira, não é o caminho que resultará em convergência e solução, até porque, no momento há um contrato em vigor e estes trâmites exigem boa vontade para serem solucionados.
Uma única parte não consegue ser heroína e desatar todos os nós. Logo, hostilidade não deve ser a tônica de nenhuma liderança da cidade, para que o bem intencionado objetivo buscado pela Câmara Municipal de Vereados de BH e a Prefeitura da cidade, de abaixar o preço da passagem, dos indignos R$ 6 para o valor anterior, R$ 4,50, seja conquistado, tal qual haja espaço para surgirem os necessários passes livres para os nichos sociais que tanto necessitam.
Meu pai, Célio de Castro, costumava dizer que “caldo de galinha e cautela” não fazem mal a ninguém. Eu complemento: conversar de forma decorosa instiga pontes. Agora, conversar em tom de agressividade, embora possa até gerar manchetes e popularidade, agem na direção contrária. Os bons professores não gritam – eles contornam quaisquer situações com sabedoria, humildade e serenidade. Este é o caminho da gestão pública eficiente. Não é difícil; basta seguirmos o modus operandi dos bons professores. Esta é a melhor receita.
*Rodrigo Célio de Castro é especialista em Gestão Pública e Presidente do Conselho do Instituto Célio de Castro.