E a Itapemirim, hein?

Publicado em 09/02/2022 às 06:00.

Era uma sexta-feira, não 13, mas, 17, um fim de semana antes do Natal. Centenas, milhares de pessoas sonhando com a viagem de fim de ano, pessoas que trabalharam o ano inteirinho para conseguir visitar parentes no Nordeste, passear, fazer algo diferente com a família. Os que escolheram Azul, Gol, Latam, Voepass chegaram sem problemas ao destino, já os que escolheram a Itapemirim não deram a mesma sorte.

A empresa aérea, pertencente ao mesmo grupo empresarial da Viação Itapemirim, era a segunda incursão da outrora gigante do setor rodoviário no mercado aéreo. Em 1990, a Itapemirim Transportes Aéreos havia estreado no mercado com o Boeing 727-100 cargueiros que se somaram em 1996 a pequenos Cessna C208B Caravan para ligações regionais.

Em 1998 a divisão de passageiros foi vendida para a TAM e os cargueiros pararam em 2000. Quando a Itapemirim saiu da mão da família Cola, os novos acionistas sinalizaram a entrada no mercado aéreo, inicialmente com aviões canadenses. Posteriormente, uma negociação com a Passaredo veio à tona e foi desfeita dois meses depois. Ao longo de 2020 e 2021 a empresa deu sequência na obtenção do certificado de operador aéreo, após cumprir extenso rito junto à Anac – Agência de Aviação Civil.

Ao obter o certificado, a empresa tratou de ventilar aos quatro cantos que teria 50 aviões em 12 meses, filiais na Europa, América. Mas a realidade mostrava um aspecto bem distinto: seis aviões no Brasil, mas somente cinco voando em uma malha extensa, com baixa conectividade. E pior: azarada, quando teve os seis aviões disponíveis, sofreu colisão em solo em um de seus Airbus e em seguida outro venceu a manutenção.

Atrasos, cancelamentos tornaram-se rotina e logo canais de youtube reportavam problemas do gênero e previam um colapso. O colapso se materializou da pior maneira possível, com passageiros deixados sem rumo, funcionários desamparados e desempregados. A empresa promete retornar a voar em fevereiro de 2022, o que após a devolução de dois Airbus A320 parece ser bem difícil.

Em 21 anos no setor, vi algumas empresas pararem e voltarem. Foram elas: Passaredo (parou em 2002 e voltou em 2004, está na ativa), BRA (sem sucesso em 2007) e a Webjet, que parou uma vez em 2006, mas foi fortemente capitalizada por novos donos e obteve sucesso até ser adquirida pela Gol. Sinceramente? Não vejo o mesmo para a Itapemirim, mas pelo bem de credores, passageiros e funcionários: que eu esteja errado.

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