Servir? É o de menos!

15/12/2021 às 17:09.
Atualizado em 03/02/2022 às 17:14

É inevitável, ao embarcar em uma aeronave comercial, não observar o elegante rapaz ou a belíssima moça que ostenta em seu crachá a função: Comissário de Voo ou Aeromoça. Função cuja qualificação é rápida e prática de se obter, afinal as Escolas de Aviação oferecem este curso em valores que podem rondar os R$ 5 mil e 4 a 6 meses para conclusão. O imaginário popular vê neste profissional duas vertentes: servir o lanche, viajar de graça!

Não, meu caro leitor! O comissário tem em sua formação na Escola de Aviação e no curso dentro da empresa aérea um currículo de primeiros socorros, emergência e até sobrevivência no mar e selva. Sabe para que o comissário de voo está ali? Retirar todos em uma emergência em solo em 90 segundos! Isso mesmo, 90 segundos, um minuto e meio, não dá metade de um hit de qualidade duvidosa que ouvimos na rádio.

Recentemente, foi razão de noticiário geral a evacuação de uma aeronave da Azul, um Airbus A320 em Cuiabá, MT. Quem coordenou a operação? O comissário de voo. No caso do milagre de 1989, chamado Varig 254, onde um Boeing 737-200 da extinta empresa gaúcha se perdeu entre Marabá e Belém e terminou pousando na mata à noite, os comissários puderam prestar os socorros aos sobreviventes e colegas feridos. No entanto, como parte do entretenimento do cliente a bordo existe o rito do serviço de bordo, outrora farto com um custo caríssimo (existiam talheres, porcelanas a bordo, imagine o quanto isso onerava no custo do voo) e o pomposo serviço dos anos 70 e 80, onde a extinta coloridíssima Transbrasil servia até feijoada a bordo entrou no imaginário popular de que a bordo do avião existem profissionais dedicados a servir comida.

Mas e quando o passageiro passa mal? Quem pode abrir um kit médico que toda aeronave possui? Quem pode ministrar oxigênio a um passageiro que dele necessita? O comissário de bordo. Então, em seu próximo voo, tente observar a real importância deste profissional e sobretudo respeite a demonstração dos procedimentos de emergência, que acontece logo após a aeronave fechar as portas e iniciar o acionamento de motores e sua caminhada até a pista de decolagem. Vejo muitos passageiros de cabeça baixa, concentrados em seus smartphones. Depois, em uma evacuação, meu amigo, não diga que não foi orientado; o profissional orientador estava ali, pois essa é sua real função, servir é o de menos.

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