Banho de água fria para começarmos 2020

20/02/2020 às 17:11.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:41
 (Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

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Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A

   Tenho a impressão que o Atlético deixou para, assim como todo o país, entrar em campo somente após o Carnaval. O que vem antes é apenas ensaio. Vale atravessar o samba, errando na batida, desafinar no enredo e até colocar um daqueles foliões – o Zé Welison – que, sabemos, vai nos tirar pontos preciosos nos quesitos harmonia e evolução. Tudo na brincadeira. Na véspera da festa do rei Momo, então, imagino que o jogo de hoje contra o Unión, no Independência, não passará de baile a fantasia. O Galo surgirá, creio eu, como o personagem Arlequim, saltitante e acrobático, em busca dos quatro gols necessários à classificação à segunda fase da Copa Sul-Americana, mas conhecemos o time de outros carnavais. O Atlético vive a sua quaresma de atacantes. Para um clube que teve o artilheiro da Copa Libertadores, em 2013, é preciso ter paciência de Jó para ver nosso “santo” conduzir a bola até o gol. Não é à toa que estamos apelando a antigas divindades para as coisas retornarem ao eixo. Tardelli chega como o salvador de todos os pecados, para não nos deixar cair em tentação. Amém. O “tá-tá-tá” é de Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo. Coincidentemente, a santa que dá nome à cidade é padroeira dos artilheiros. No caso, daqueles que lidam com arma de fogo. Mas como Tardelli também virou sinônimo de metralhadora em tempos áureos no Galo, esperamos que faça jus ao milagre. Santa Bárbara, é bom que se diga, é protetora contra relâmpagos e tempestades. Num estado castigado por chuvas e tormentas futebolísticas, é bom saber que a santa é defensora dos mineiros. Assim, não custa nada acender uma vela e fazer uma oração. Até porque o Atlético parece vivenciar uma guerra santa. Depois da eliminação para o Colón, na semifinal da Sul-Americana do ano passado, corre o risco de sair da competição por um time da mesma cidade, Santa Fé. Haja “Eu Acredito!” para vencer esta batalha e não transformar o Indepa num “bouzo”. Não estou falando daquele palhaço, mas sim do atacante Walter Bou, que fez a diferença para o Unión na primeira partida, como eu temia. Se contra o Colón teve o “pulgazo”, como a imprensa argentina exaltou a classificação para a final, por conta do jogador Pulga, um “bouzo” não é impossível. O Carnaval argentino é mais discreto, sem mulheres seminuas e carros alegóricos. Muitos de seus integrantes, porém, são acrobatas, capazes de grandes saltos e contorcionismos. Na Venezuela, terra do técnico atleticano Rafael Dudamel, é costume jogar água fria nos carnavalescos. Um banho no favoritismo do Unión seria excelente para o Galo começar 2020.

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