Sampaoli é 13

13/03/2020 às 11:39.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:56
 (Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A

  Minha filha Julia me pergunta como escreve “parabéns” em espanhol. Apesar de eu saber muito pouco da língua, chamou-me a atenção o texto que ela começara a esboçar numa rede social, dirigido ao técnico Jorge Sampaoli. Não sabia que o argentino recém-chegado faria “cumpleaños” hoje, exatamente num dia 13. Numa sexta-feira 13, aliás. Treze é o número do Galo, mais uma prova, segundo os mais fervorosos atleticanos, que Sampaoli veio para salvar a pátria. E sendo numa sexta, melhor ainda. Diferentemente do que se pensa, nas culturas antigas o 13 era um número sagrado. Para os egípcios, simbolizava a vida eterna, após o ser humano ter que passar por 12 estágios diferentes. E Sampaoli nada mais é do que o 13º treinador estrangeiro a comandar o Galo. Os que passaram por aqui antes dele não tiveram muita sorte – com algumas exceções, como os uruguaios como Ricardo Diaz, campeão do gelo em 1950, e Felix Magno, mais lembrado por descobrir Zé do Monte. Nenhum deles, porém, estampou um título nacional ou internacional oficial.  O que corrobora para aumentar as expectativas em torno de Sampaoli é que 13 virou sinônimo de transformação. No tarô, descobri outro dia, a carta de número 13 é o da morte. Embora tenha essa representação medonha, o significativo dela é menos assustador, apontando para um fim de ciclo – no caso do Galo, o término de um incômodo jejum de conquistas. Meu pai, profundo conhecedor de mitologia grega, destaca que o 13 era ostentado pelo mais poderoso dos deuses, Zeus. Ninguém duvida da força atleticana, mas faltava encontrar um comandante à altura, capaz de fazer qualquer rival sofrer de triscaidecafobia – grande temor do número 13, segundo os dicionários. Fobia que se potencializa numa sexta-feira 13. E em minhas pesquisas, descobri que o triscaidecafóbico, diante do 13, pode sofrer de palidez, sudorese, vertigens, palpitações e hiperventilação. E se Sampaoli botar o Atlético nos trilhos como fez com o Santos no ano passado, pode até causar desmaios. A sensação de medo é incontrolável – basta ver os comentários nas redes sociais –, e o deseja de fuga é irremediável. Para esses fóbicos, ansiolíticos e antidepressivos não serão suficientes ao, prevalecendo as ideias do treinador de um time mais ofensivo e organizado, verem um Galo disputando as cabeças do Brasileiro Série A. Haja dinheiro e ligações para o Zezé para gastar com terapia e arrancar o número 13 da mente quando imersos na mais profunda escuridão e no lado B. A sensação será a mesma ao de encarar um Jason Vorhees, o personagem principal da série de terror “Sexta-Feira 13”. Só que, no lugar da máscara de goleiro de hóquei no gelo, os sustos serão gerados por um Sampaoli que espera aplicar em campo um time agressivo, que “tentará protagonizar a todo tempo, contra qualquer time, em qualquer campo”. São poucos os técnicos que têm a coragem de chamar para si tamanha responsabilidade de mudança. A chegada dele provocou uma das maiores revoluções nos bastidores do Galo, a partir de exigências feitas pelo argentino. Será, sem dúvida, um Atlético com a cara de Sampaoli. A próxima sexta-feira 13 será em novembro. Tempo suficiente para medir o nosso grau de sorte.

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