A complexidade da esporotricose: um desafio compartilhado entre pessoas e animais

Publicado em 07/03/2024 às 06:00.

Paula Luiza Silveira de Felipe*
Ailton Junior Antunes da Costa**


Num intricado cenário de interações, humanos e animais coabitam em áreas urbanas, revelando uma convivência nem sempre harmônica. Este convívio destaca a importância da saúde pública e a necessidade de uma coexistência mais consciente. Nesse contexto, a esporotricose surge como uma ameaça zoonótica em ascensão, propagando-se principalmente por meio de gatos domésticos.

A enfermidade, causada por fungos, manifesta-se na pele de animais e pessoas por meio de lesões persistentes, podendo evoluir para quadros mais graves, afetando pulmões, ossos e articulações. Embora os felinos sejam vetores, a doença pode ser transmitida pela terra e até outros animais. A esporotricose é tratável, mas o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso no tratamento, sendo a eutanásia uma opção ponderada com extrema prudência, apenas em casos de sofrimento irreversível.

Conscientizar a comunidade sobre a esporotricose e outras zoonoses é vital para evitar a propagação e salvaguardar a saúde de todos. A responsabilidade e compaixão para com os animais traduzem-se não apenas no bem-estar animal, mas também na preservação da saúde humana.

Juntos, podemos edificar uma sociedade mais justa e saudável, onde a relação entre pessoas e animais seja guiada pelo respeito e pela responsabilidade mútua. Ao colaborarmos, podemos forjar um futuro mais saudável e seguro para todos. A teia da esporotricose nos convoca à ação, à união e à responsabilidade. A saúde humana e animal depende de cada um de nós.


Existem medidas concretas que podem reduzir a transmissão da doença na comunidade, sendo: em primeiro lugar, a higiene pessoal desempenha um papel fundamental na prevenção da esporotricose. Lavar as mãos regularmente, especialmente após o contato com solo, plantas ou animais, é uma prática essencial. O uso de equipamento de proteção individual, como luvas e máscaras, ao manusear material potencialmente contaminado, contribui significativamente para a prevenção da infecção.

A transmissão da esporotricose está muitas vezes associada ao contato próximo com animais infectados, principalmente gatos. Nesse sentido, controlar a população de gatos, promovendo a esterilização, é uma medida eficaz para reduzir a disseminação da doença. Além disso, a conscientização sobre a importância de evitar o contato próximo com animais doentes é essencial para a prevenção.

O cuidado ao manipular solo e plantas também é crucial. Utilizar luvas ao lidar com solo, especialmente em áreas com histórico de esporotricose, e evitar ferimentos que possam permitir a entrada do fungo na pele são práticas preventivas importantes.


No âmbito da saúde pública, é vital investir em diagnóstico e tratamento rápidos. A busca por assistência médica ao primeiro sinal de infecção é crucial, uma vez que o tratamento precoce é fundamental para evitar complicações. Isolar pacientes com esporotricose disseminada em ambientes de saúde contribui para a prevenção da transmissão nos centros de tratamento.

A administração adequada de medicamentos antifúngicos, como itraconazol ou fluconazol, sob orientação médica, é essencial para o tratamento eficaz da esporotricose. Educação pública por meio de campanhas de conscientização, informando o público sobre os riscos da esporotricose e incentivando a procura por assistência médica, é um componente crucial das estratégias de prevenção.

Ações de conscientização, fortalecimento de políticas públicas, acesso à saúde animal e pesquisa científica formam um conjunto integrado de estratégias para enfrentar a esporotricose e outras zoonoses. Este esforço conjunto, envolvendo a sociedade civil, o poder público e a comunidade científica, é essencial para construir um futuro mais saudável para todos.

* Paula Luiza Silveira de Felipe – Professora de medicina veterinária – KND Promove – Doutora em Epidemiologia

** Ailton Junior Antunes da Costa - Pesquisar na UFMG; Mestre em Epidemiologia; Mestre em Administração de Empresas; Professor KND Promove

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