Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Bolsonaro defende uso de armas a produtores rurais e diz que texto está na bíblia: no “Pedrão”

11/08/2022 às 09:13.
Atualizado em 11/08/2022 às 09:13

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender nessa quarta-feira a compra de armas pela população civil. O discurso do presidente foi num encontro com ruralistas que contou com forte conteúdo bolsonarista, a partir do presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins da Silva Júnior, que chegou a dizer que “não tem mais espaço neste país para uma equipe corrupta e incompetente e muito menos para um candidato que foi preso e processado como ladrão”. A fala é uma referência ao caso Lula em que o Supremo Tribunal Federal anulou todo o processo conduzido pelo ex-juiz Sérgio Moro – que depois se tornou ministro da Justiça do presidente Bolsonaro –, numa possível troca de posições, até porque, segundo o STF, Moro não tinha competência legal para conduzir o processo em que o ex-presidente foi condenado – e depois teve o processo trancado e enviado para a Justiça de primeira instância, em que Lula vem sendo absolvido das acusações de suposta corrupção.

Mas nesse encontro com os ruralistas, o presidente da República, em marcha batida – para usar um jargão militar – contra os juízes do Supremo Tribunal Federal, não deixou por menos e voltou a criticar, sem citar nomes, os ministros dos tribunais superiores, dizendo que “nós somos a maioria, somos pessoas de bem”, quando na verdade quem lidera as pesquisas eleitorais é o ex-presidente Lula, portanto, o presidente é minoria, neste momento, pelo menos. 

E ao defender o uso de armas pela população civil, num ambiente amplamente propício à pregação, o presidente repetiu o que já dissera mais de uma vez: “povo armado jamaisserá escravizado”

E ao defender o uso de armas pela população civil, num ambiente amplamente propício à pregação, o presidente repetiu o que já dissera mais de uma vez: “povo armado jamais será escravizado. Comprem suas armas. Isso também está na bíblia, lá no ‘Pedrão’: ‘Vendam suas capas e comprem espadas’. Nós não somos cordeiros, não queremos ser lobos também, mas jamais seremos cordeiros de dois ou três”, numa indireta aos ministros do STF que têm reagido às investidas do presidente contra as urnas eletrônicas e é investigado por propagações de informações falsas feitas por bolsonaristas, a partir do próprio Jair Bolsonaro.

Do outro lado da Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal elegeu ontem a ministra Rosa Weber nova presidente do STF para o próximo biênio e Luis Roberto Barroso será o vice-presidente. A posse de ambos já está marcada para o dia 12 de setembro, logo após, portanto, da convocação que Bolsonaro faz para que seus seguidores comemorem o 7 de setembro de uma forma que vem assustando o país. 

O prefeito do Rio de Janeiro, por exemplo, proibiu que as Forças Armadas desfilem em Copacabana, como queria Bolsonaro, mantendo o desfile militar no centro do Rio, como sempre foi. Mas não parece ter pegado bem o aumento de 18% dado por unanimidade para juízes e ministros. O governador Romeu Zema, de Minas Gerais, deu um aumento de apenas 10%, em números redondos, para o funcionalismo do Estado – o STF majorou o aumento para juízes e ministros em 18%.

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