Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Daniel Silveira e a recusa à tornozeleira

Publicado em 05/05/2022 às 06:30.

Definitivamente não deve estar sendo fácil a vida do deputado Daniel Silveira, do PTB do Rio de Janeiro. Por considerar que o parlamentar fluminense não cumpriu as suas ordens, magistrado que é, de usar a tornozeleira eletrônica, o ministro Alexandre de Moraes sapecou no insurgente - sim, insurgente, porque nas suas bravatas o deputado defendeu a extinção do Supremo, pediu a volta do AI-5 e ameaçou os ministros, sobretudo Silveira e Fachin -, de forma que Alexandre de Moraes aplicou no deputado Daniel Silveira a multa de R$ 405 mil, além de bloquear todos os saldos bancários do deputado boquirroto.

E pior: por cima de queda, coice. Não bastasse isso, a Procuradora Geral da República, Lindôra Maria Araújo, pede que sejam mantidas as outras medidas cautelares contra o deputado, inclusive o uso da tornozeleira eletrônica.

O parlamentar fluminense, como é sabido, foi indulgenciado pelo presidente Bolsonaro menos de 24 horas após receber a condenação de mais de nove anos de prisão, por 10 votos a 1, tendo o presidente da República explicado que assim procedeu porque a pena, na sua opinião, foi muito rigorosa.

Essa questão - a condenação de Silveira e o indulto de Bolsonaro - criou uma tensão enorme entre o Executivo e o Legislativo, tanto que ontem o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, manteve uma reunião com o presidente do STF, Luiz Fux, numa tentativa de amenizar a relação entre os dois Poderes.

Mas, por incrível que pareça, o deputado Daniel Silveira se recusou ontem a voltar a usar a tornozeleira com a bizarra explicação de que está “cumprindo o decreto do presidente da República”. Não bastasse isso, a deputada Carla Zambelli entrou com um projeto de lei para anistiar Daniel Silveira e outros bolsonaristas que se encontrarem na mesma condição ou que tenham cometido crime de opinião.

Como se vê, o exemplo vem de cima e desce em cascata.

Mas quem mexeu num vespeiro sem tamanho foi o governador Romeu Zema, ao autorizar o que se imagina que possa ser o desmanche da Serra do Curral, ao permitir que a mineradora Tamisa explore mais de 30 milhões de toneladas do que hoje é o símbolo do município de Belo Horizonte.

Não só o Ministério Público entrou na briga como a Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal também entraram, com o concurso da Prefeitura de Belo Horizonte, que já até ganhou o prazo de dez dias para que sejam explicadas as razões pelas quais a Serra do Curral deva ser minerada.

Um problema que só pode ser explicado em função da pressão de grupos econômicos.

Mas quem ganhou destaque ontem foi o ex-presidente Lula, com a entrevista que deu à revista Time e que lhe rendeu uma capa e uma legenda, qual seja: "O presidente mais popular do Brasil busca voltar à Presidência”. Na entrevista, o ex-presidente disse que "o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky é tão culpado pela guerra quanto o russo Vladimir Putin”.

O lançamento da chapa Lula/Alkmin está marcado para este sábado e, até o momento, o ex-presidente vem liderando as intenções de voto ao Planalto, porém, seguido de perto pelo presidente Jair Bolsonaro.

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