A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, fez sair desse rame-rame da Câmara de Vereadores para um assunto de maior peso, qual seja, a de que o acordo de leniência feito com a Odebrecht não foi só um “erro histórico”, mas uma verdadeira “armação” contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, transformando-se num dos maiores erros judiciários do país.
Toffoli vai além ao pedir a anulação de todo o procedimento que advém dessa chamada “armação”. O despacho do ministro está contido em 150 páginas w , praticamente, anula o que se segue da “armação”.
Como se vê, o ambiente em Brasília está quente. Esta semana, o Tribunal de Contas da União abriu um novo processo para investigar presentes recebidos pela União. A ação do TCU responde a uma representação do Ministério Público Federal. Dos nove mil presentes que Bolsonaro ganhou durante os quatro anos de seu mandato, cerca de 128 não são “personalíssimos”, ou seja, não poderiam ficar com ele e, portanto, deveriam ficar nos cofres da União ou no acervo público. E 17 dos presentes são de “elevado valor comercial”. Há também 111 que não se encaixam nos “ itens personalíssimos”, segundo o TCU. Certamente estão entre esses itens as joias que deveriam ser encaminhadas à ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além do relógio de ouro que o advogado Wassef teria recomprado nos Estados Unidos, sem o devido comprovante.
Mas o que se espera nos próximos dias é a homologação do depoimento de do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O STF precisa homologar a delação para que ela seja válida. Na semana passada, Cid prestou mais de 24 horas de oitivas à Polícia Federal.
Segundo o ex-secretário de Comunicação, o advogado Fábio Wajngarten, que tem atuado na defesa de Bolsonaro, “simplesmente não há o que delatar”. O advogado também é investigado no caso das joias, embora tenha ficado em silêncio diante dos federais, assim como Michelle e o próprio ex-presidente. O que se espera mesmo é o encontro de Mauro Cid com o hacker Walter Delgatti, embora esse encontro esteja subordinado à autorização do STF.
E, na segunda-feira, volta-se ao rame-rame da Câmara Municipal, onde o prefeito Fuad Noman examina se recebe ou não um pedido de audiência feito pelo vereador Henrique Braga, na qual estaria presente também o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo.