Gestor de Futebol pela CBF Academy e pela Universidade do Futebol, pós-graduado em Direito Desportivo e Negócios no Esporte.

Bruno Lage e Mourinho: a blindagem dos jogadores

Publicado em 05/09/2023 às 10:52.

No último final de semana, após o ótimo jogo entre Botafogo e Flamengo, Bruno Lage, treinador do Botafogo, surpreendeu a todos ao colocar seu cargo à disposição. Sua justificativa? A pressão sobre seus jogadores: "só há uma forma de libertá-los dessa pressão. E por isso estou aqui perante vocês. Pensei muito e nesse momento coloco meu lugar à disposição do diretor e do presidente", declarou o treinador português. Em seguida, claro, uma avalanche de críticas nas redes sociais. 

Entretanto, por outra ótica, percebemos que Lage optou por se tornar um escudo, absorvendo a pressão e as críticas em seu lugar, protegendo seus jogadores do escrutínio público. Uma tática arriscada, mas que demonstra sua dedicação ao elenco e sua disposição de sacrificar a própria pele.

José Mourinho, um dos treinadores mais icônicos do futebol, quando voltou ao Estádio da Luz, como treinador do Porto, enfrentou uma avalanche de vaias da torcida benfiquista ao decidir entrar em campo muito antes de sua equipe: "Sabia claramente que quando entrasse em campo, haveria uma estrondosa recepção negativa. Por isso, fiz questão de entrar sozinho. Senti-me a pessoa mais importante do mundo ao ouvir o coro de assobios e vaias com que os torcedores benfiquistas me receberam. Ao mesmo tempo, aodescarregarem em cima de mim, acabaram por poupar a equipe, o que também foi importante”, relatou.

Mourinho escolheu uma abordagem diferente, enfrentando a pressão de frente, absorvendo-a e protegendo sua equipe do impacto negativo. As duas estratégias contrastantes revelam que não há uma única resposta para lidar com a pressão no futebol. Cada treinador, à sua maneira, busca o melhor caminho para proteger seus jogadores e maximizar o desempenho da equipe.

No final das contas, seja através da abordagem de Lage, que sacrifica seu próprio cargo, ou da abordagem de Mourinho, que enfrenta as vaias de cabeça erguida, ambos compartilham o mesmo objetivo: blindar o elenco sob pressão.

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