Jean Eldin*
Parece coisa futurista, daquelas típicas da série dos Jetsons. Ingerir uma cápsula que se transformará em um balão no organismo e promoverá uma importante perda de peso. Mas não é mágica nem uma realidade distante. O balão deglutível chegou ao Brasil há pouco mais de um ano e tem sido uma opção, desde então, para quem precisa de ajuda para emagrecer, mas não quer se submeter a métodos invasivos.
Aprovado em outubro de 2022 pela Anvisa, o produto é semelhante ao já conhecido balão intragástrico tradicional e consiste em ocupar espaço do estômago para gerar uma sensação de saciedade.
Engolido como um comprimido acompanhado de uma cânula finíssima, o balão é inflado com soro após ter sua localização correta determinada por um exame de ultrassom. Após o procedimento, o tubo então se destaca e é puxado de volta.
Todo o processo dura, em média, 15 minutos. O método não requer anestesia nem endoscopia para ser implantado e pode promover, com uma dieta adequada, uma perda de até 15% do peso do indivíduo.
A atendente Camila Machado, 28 anos, passou pelo procedimento e contou que, em 22 dias, emagreceu 6,5 kg e perdeu muito em medidas. Ela decidiu colocar o balão após diversas tentativas frustradas de emagrecimento. Camila tinha uma relação difícil com a comida, chegava a ingerir alimentos até passar mal, de acordo com seu relato. “Hoje eu não consigo comer muito, é diferente, eu como muito pouco e eu já fico feliz, satisfeita”.
No momento da ingestão da cápsula, ela narra que sentiu certo incômodo, que passou muito rapidamente, e nenhum tipo de dor. Leves enjoos também foram sentidos nos primeiros dias, o que, segundo a atendente, foi informado que seria normal. Hoje em dia, diz que nem se lembra de ter um balão no estômago.
Além da perda de peso e do aumento da autoestima, Camila conta que sentiu melhoras no organismo como um todo, principalmente em seu intestino. “Eu tinha muito problema, eu ia muitas vezes ao banheiro, não era um intestino regular. Era como se eu tivesse diarreia várias vezes ao dia. Hoje não, meu intestino funciona super bem, tá muito tranquilo, e isso também foi uma melhora importante pra mim”.
Todo o tratamento deve ser acompanhado por um médico. O profissional de saúde que acompanha o paciente deverá aconselhá-lo sobre os cuidados a serem adotados após a colocação do balão, pois náuseas e vômitos podem ser sentidas no início, durante os primeiros dias. É preciso desenvolver ainda melhor plano para regressar a atividades como o exercício físico.
Após as 16 semanas, o balão, que é feito de poliuretano vegano, será naturalmente expelido através das fezes, não sendo necessário nenhum procedimento. De acordo com a Allurion, empresa responsável pela produção, cerca de 50% das pessoas não sentem o balão saindo nem qualquer outro tipo de incômodo durante sua eliminação. (Conteúdo de responsabilidade do colunista)