Selic nas alturas: o aperto monetário que não dá trégua
Se você achou que o Copom ia aliviar, achou errado. A ata da 270ª reunião do Comitê de Política Monetária confirmou o que já virou rotina: inflação teimosa, cenário global turbulento e... surpresa! Mais um aumento da Selic, agora a 14,75%. Quem pensou que 2024 foi duro, melhor se preparar, 2025 promete ser um teste de resistência.
Caos global: o vento que vira nossa jangada
O Copom começou a Ata já avisando: “o mundo tá esquisito”. Apontando com razão a deterioração do ambiente externo, especialmente em função da política tarifária dos EUA, que alimenta incertezas nas cadeias globais de produção. O impacto disso vai muito além do comércio: há reflexos diretos na confiança, nos investimentos e, por consequência, nos preços.
A desaceleração americana, antes gradual, agora tende a ser mais intensa. Para países emergentes como o Brasil, isso exige não só prudência, mas também flexibilidade e a sensação de "vai dar ruim?" coletivo, nos faz pensar que a incerteza virou o único cenário certo.
Inflação teimosa: o jogo do gato e rato
Se a meta do Copom é domar a inflação, estamos no “modo difícil”. Projeções de 4,8% em 2025 e 3,6% em 2026 mostram que ancorar expectativas virou missão quase impossível.
Esse é o ponto central da decisão do Copom. Quando o mercado começa a acreditar que o Banco Central não entregará a meta, as decisões de consumo, investimento e precificação se tornam mais voláteis e defensivas.
E o recado é claro: quando o mercado desacredita, a resposta é juro mais alto. Ou seja, se não vai na conversa, vai no choque.
Política fiscal: estímulo ou obstáculo?
O BC soltou o "alô, Presidente Lula!" disfarçado de ata: sem controle fiscal, o juro neutro (aquele que equilibra a economia) sobe, e o aperto monetário vira uma obrigação. Enquanto o Governo gasta como se não houvesse amanhã, o Copom pisa no freio... pra sempre.
Fala-se em “harmonia” entre os dois braços da política econômica. O problema é que essa harmonia, hoje, parece mais um desejo do que uma realidade.
Crédito em queda livre? Nem tanto...
O juro alto já começa a estrangular o crédito: menos empréstimos, parcelas mais salgadas e consumidores pensando duas vezes antes de gastar.
Mas, surpresa: o consumo ainda resiste, forçando o BC a manter os juros nas alturas por "mais tempo que o esperado".
O Copom acertou? Sim. Mas podia falar menos economiquês...
A decisão de subir os juros faz sentido. A inflação segue pressionada, as expectativas estão desancoradas e um fiscal sanguessuga (leia-se: gasto público fora de controle) não deixa muita alternativa.
Mas o Banco Central poderia caprichar mais na comunicação. Hoje, até quem curte economia se perde no juridiquês das atas e fica sem saber se é hora de parcelar as compras em 36 vezes ou esperar a próxima reunião, marcada para os dias 17 e 18 de junho.
A expectativa? Um novo aumento de 0,25 ponto percentual ou manutenção da taxa. Resumindo: ou piora um pouco, ou continua ruim...