
Em meio ao clima tenso nas relações comerciais com os Estados Unidos, o Brasil recebeu uma notícia que trouxe certo alívio, parte dos produtos nacionais foi excluída da tarifa de 50% anunciada pelo governo americano. A nova lista inclui cerca de 694 itens, entre eles suco de laranja, minério de ferro, celulose, derivados de petróleo e produtos da aviação, segmentos estratégicos tanto para os EUA quanto para o Brasil.
O resultado foi imediato, as ações da Embraer (EMBR3) subiram cerca de 11%, impulsionadas pela notícia de que seus produtos não seriam atingidos. A Suzano (SUZB3) também registrou valorização, embora em menor escala, refletindo a leitura positiva de curto prazo.
As isenções, apesar de parciais, foram vistas como um gesto prático por parte da Casa Branca, para reduzir os impactos da tarifa sobre sua própria cadeia produtiva.
Produtos de peso seguem sob a tarifa
Por outro lado, itens importantes para o agronegócio, como carne bovina, café e cacau, continuam na lista de restrições e devem pagar pedágio tarifário completo. Alguém lá em Washington claramente não toma espresso nem gosta de picanha. Isso acende um sinal de alerta para empresas do setor, especialmente aquelas com forte dependência do mercado americano.
Comparações com outros mercados globais
Enquanto o Brasil tenta reduzir os danos, a União Europeia conseguiu negociar um acordo que fixou as tarifas em 15% para a maioria de seus produtos. Além disso, o bloco europeu garantiu isenções específicas em setores como semicondutores, aviação e produtos agrícolas. A diferença de tratamento chama atenção e evidencia o custo da ausência de um acordo comercial estruturado com os Estados Unidos.
Outros países, como Índia, China e México, também enfrentam tarifas elevadas, mas, assim como o Brasil, negociam exceções pontuais.
Copom no radar: expectativa de manutenção dos juros
Além das tensões externas, hoje, 30 de julho de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) definirá a taxa Selic. A expectativa é de manutenção da Selic em 15% ao ano, patamar que já representa o nível mais alto desde 2006.
O foco agora se volta ao comunicado e à ata do Copom, em busca de pistas sobre o viés futuro da política monetária. A sinalização de um período “consideravelmente prolongado” de juros altos deve reforçar a credibilidade do Banco Central no combate à inflação, embora alguns analistas considerem possível a antecipação do primeiro corte para o final de 2025, especialmente se os dados continuarem favoráveis.
Entre a política e o comércio: o que vem agora?
Para o investidor, o recado é claro, ainda que o pior tenha sido evitado para algumas empresas brasileiras, ainda faltam dois dias para o 1º de agosto e o ambiente permanece instável. O desafio agora é ampliar essa lista de exceções e transformar o diálogo técnico em avanços comerciais mais duradouros.
Os próximos dias serão decisivos para entender se o Brasil conseguirá ampliar seu espaço de negociação ou se terá que reestruturar parte de sua estratégia de exportação.