Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Balanços bilionários na B3 e a esperança por juros menores nos EUA

Publicado em 08/08/2025 às 19:04.Atualizado em 08/08/2025 às 19:09.
 (Fernando Frazão/Agência Brasil)
(Fernando Frazão/Agência Brasil)

O Ibovespa viveu dias de pura empolgação, beirando os 137 mil pontos, sustentado por balanços corporativos acima do esperado. Entre os destaques, a Eletrobras apresentou lucro robusto e anunciou R$ 4 bilhões em dividendos, o que impulsionou suas ações a ganhos próximos de 10%. Outras empresas, como SmartFit e Cogna, também registraram avanços expressivos, enquanto grandes nomes do setor de commodities subiram mesmo diante da queda nos preços de suas matérias-primas.

Resultados corporativos em destaque

A temporada de balanços trouxe um panorama variado, com empresas de diferentes setores apresentando números sólidos. Entre as listadas na B3, Alpargatas reportou lucro de R$ 87 milhões, alta anual de 271,1%, enquanto a Ânima registrou crescimento de 18,9% no lucro líquido ajustado, para R$ 29,2 milhões. Assaí obteve lucro de R$ 219 milhões, avanço de 78% em relação ao mesmo período de 2024, e a Auren Energia apresentou prejuízo de R$ 562,9 milhões, apesar de alta de 18% no Ebitda ajustado.

No setor de energia, Eletrobras superou projeções e divulgou dividendos bilionários; Energisa registrou queda de 25,2% no lucro, mas avanço de 22,6% no Ebitda; e Engie Brasil apresentou recuo de 34% no lucro líquido ajustado. Na indústria, a Grendene teve alta de 244,7% no lucro, para R$ 143,6 milhões, enquanto a Kepler Weber reportou queda de 61,1%, totalizando R$ 14,4 milhões. No setor de alimentos, a Minerva registrou retração nas ações após anunciar redução de capital para absorver prejuízos, e a BRF teve elevação de rating pela S&P após fusão com a Marfrig.

Entre as varejistas, os resultados também foram diversos: Lojas Renner obteve lucro de R$ 404,5 milhões, alta de 28,4%, enquanto Magazine Luiza reverteu lucro de 2024 e apresentou prejuízo de R$ 24,4 milhões. No segmento de joias, a Vivara teve lucro de R$ 151 milhões, queda de 28,4% no comparativo anual. Petz e Fleury registraram aumentos moderados, enquanto construtoras como Tenda, Eztec e Plano&Plano mostraram avanços relevantes no lucro, com destaque para a Tenda, que saltou de R$ 4,5 milhões para R$ 203,9 milhões.

Movimentações no Fed

Lá nos Estados Unidos, a novela monetária ganhou novos personagens. Stephen Miran assumiu cadeira no Fed, em substituição a Adriana Kugler, e já chegou alinhado a Donald Trump, que defende cortes de juros para ontem. Miran, que já aconselhou o ex-secretário do Tesouro Steve Mnuchin, é conhecido por ideias para enfraquecer o dólar, algo que, por aqui, faria muito brasileiro sorrir.

Enquanto isso, Christopher Waller desponta como possível sucessor de Jerome Powell na presidência do Fed, com um perfil que mistura flexibilidade monetária e credibilidade. Em outras palavras, sabe agradar tanto o mercado quanto o chefe.

Perspectivas para juros nos EUA

Apesar do clima dovish (postura que prioriza o corte de juros, o crescimento econômico e a geração de empregos), nem todo mundo dentro do Fed está pronto para abrir a caixa de cortes. Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, avisou que ainda é cedo para compromissos. Mas o mercado, teimoso como sempre, já aposta em até 0,75 ponto percentual de corte até o fim do ano, com quase certeza de que setembro trará pelo menos um corte de 0,25.

O ambiente positivo no mercado brasileiro, impulsionado por bons resultados corporativos, soma-se ao otimismo moderado com o cenário internacional. A perspectiva de um corte de juros já em setembro nos EUA e o desempenho das empresas seguirão como vetores importantes para o comportamento positivo dos ativos nas próximas semanas.

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