
Quando Jerome Powell subiu ao palco em Jackson Hole, a expectativa era de mais cautela e menos emoção. Mas bastou um discurso menos rígido e uma leve abertura para um possível corte de juros em setembro para Wall Street ganhar novo fôlego.
Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq responderam com altas expressivas, o dólar perdeu terreno globalmente e os juros dos Treasuries recuaram. Powell, sempre equilibrado, repetiu que “não há curso predeterminado”, mas, para os mercados, a mensagem foi clara, a porta para uma flexibilização foi aberta.
Indicadores e Expectativas
Até a reunião de política monetária americana dos dias 16 e 17 de setembro, três grandes dados prometem movimentar as apostas nos juros: o índice de inflação dos Estados Unidos (PCE), o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de agosto e o Payroll.
Bancos como JPMorgan e Barclays, que antes projetavam cortes apenas para dezembro, já ajustaram seus cenários para um início de ciclo já no próximo mês, com possibilidade de até 50 pontos-base de redução acumulada até o fim do ano.
As taxas futuras de juros reagiram de imediato, a expectativa é de que, no dia 17 de setembro, venha um corte de 25 pontos-base, praticamente uma unanimidade.
Brasil: Tarifas, Política e Mercados
Enquanto isso, no Brasil, além do tarifaço dos EUA contra os produtos brasileiros, rumores de novas sanções e tensões com o STF esquentam o clima político. Até grandes bancos, sondados para intermediar conversas entre governo e americanos, preferiram ficar de fora; ninguém quis colocar o pescoço na guilhotina da Lei Magnitsky, inclusive sinalizando que cumprirão as imposições aos sancionados, se necessário.
O Banco do Brasil, por sua vez, acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para conter o que chama de fake news sobre uma suposta falência. Um vídeo de Eduardo Bolsonaro incitando a corrida bancária ganhou manchetes e ajudou a inflamar o meio político.
Lula convoca ministros para alinhar as arestas do governo em meio a pressões pelas tarifas dos EUA e disputas internas. No STF, o ministro Alexandre de Moraes pode decidir sobre a conversão da prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva, tema que deve dominar o noticiário político. O Senado, por sua vez, analisa o projeto contra a chamada “adultização” infantil, enquanto ministros trocam críticas públicas, adicionando tensão ao clima político.
Selic Alta, Fluxo Estrangeiro e Bolsa em Festa
Se lá fora a taxa de juros pode cair, aqui a Selic em 15% transformou o Brasil em destino quase certo para os institucionais buscando o carry trade. Resultado, dólar para baixo, e Ibovespa flertando com os 138 mil pontos, embalado por Vale, Petrobras e até os bancos, que tentaram recuperar parte dos bilhões perdidos na semana anterior.
No fim, só o petróleo pareceu não ter recebido o convite para a festa, subindo míseros 0,14%, diante da indecisão sobre o rumo do conflito entre Ucrânia e Rússia.
O Que Vem pela Frente
Se os próximos indicadores, PCE, CPI e Payroll, confirmarem a expectativa do mercado, poderemos finalmente vislumbrar um início de ciclo com valorização do real e da bolsa, trazendo uma perspectiva positiva como um todo. Estamos de olho nas oportunidades que esse cenário, caso se confirme, pode gerar.