O Federal Reserve decidiu manter as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, optando por uma postura cautelosa diante de uma inflação que ainda insiste em desafiar a paciência da autoridade monetária. Jerome Powell adotou um tom firme, “cortes virão, sim, mas só quando houver segurança suficiente”. A decisão frustrou parte do mercado, que esperava sinais mais concretos de afrouxamento, mas o Fed preferiu reforçar a mensagem de prudência, especialmente diante de riscos externos como tarifas e tensões geopolíticas. As projeções do FOMC agora apontam para dois cortes de 25 pontos-base até o fim de 2025, levando a taxa para 3,75% a 4,0%.
No campo político, Donald Trump não perdeu tempo e transformou a decisão em munição para mais um ataque ao presidente do Fed. Chamou Powell de “estúpido” e “um dos mais burros e destrutivos do governo”, além de apelidá-lo de “Too Late Powell”, uma crítica à demora nos cortes de juros. Com seu estilo característico, Trump disse que a taxa já deveria estar “dois pontos percentuais mais baixa” e que o atraso teria custado centenas de bilhões de dólares ao país. Em tom provocativo, chegou até a sugerir, ainda que figurativamente, que poderia se nomear presidente do Fed. E avisou: se depender dele, Powell não será reconduzido ao cargo em 2026.
Brasil: juros nas alturas, IOF em xeque e INSS sob investigação
Enquanto isso, por aqui, o Copom elevou a Selic para 15% ao ano e deixou claro, se a inflação não ceder, novos aumentos virão. O recado foi direto, o mercado até pode sonhar com cortes antecipados, mas o Banco Central não está no clima para concessões. (Aliás, convido você a conferir a coluna exclusiva sobre o tema, publicada ontem.)
Mas nem só de juros vive a pauta econômica da semana. Dois temas com impacto direto no bolso do brasileiro também entraram no radar: o aumento do IOF e os descontos indevidos no INSS. No Congresso, a reação ao decreto que elevou o imposto foi imediata. A urgência para barrar a medida foi aprovada com ampla maioria. Diante da pressão, o governo já recuou parcialmente e tenta equilibrar as contas mirando novas fontes de arrecadação, como a taxação de casas de apostas e criptoativos. No meio desse jogo de empurra, o cidadão comum segue pagando a conta, mesmo quando ninguém quer assinar a fatura.
No caso do INSS, o cenário é ainda mais grave. Milhões de aposentados e pensionistas foram surpreendidos com descontos não autorizados, vinculados a entidades e associações pouco conhecidas. A Justiça bloqueou cerca de R$ 2,8 bilhões em bens de empresas e dirigentes suspeitos, e a CPMI do INSS foi instalada no dia 17/06 para investigar o caso, com atuação da PF, CGU e até do STF. O governo promete rigor e transparência, mas a confiança está abalada. Reconstruir a ponte com uma população que já vive no limite exigirá mais do que promessas. Afinal, ninguém quer surpresas no extrato, especialmente quando cada centavo faz falta.
Perspectivas, entre riscos e oportunidades
Em tempos de incerteza, o foco se volta para o que vem pela frente. O cenário global segue instável, e o Brasil, com juros nas alturas, impõe desafios, mas também oferece oportunidades. Para quem souber navegar nesse mar revolto, os próximos meses podem render bons frutos. Afinal, se o país parece parado, o dinheiro continua em movimento e rendendo como nunca.