Em plena sexta-feira, quando o mercado já se preparava para um merecido descanso de fim de expediente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu as tensões entre Washington e Pequim ao anunciar a elevação das tarifas sobre aço e alumínio: de 25% para 50%, com vigência já a partir desta quarta-feira, 4 de junho.
A notícia foi recebida com apreensão pelos investidores, que já acompanhavam com cautela o aumento das divergências entre as duas potências. Trump, ao acusar a China de violar a trégua firmada em Genebra, reacendeu temores de uma nova rodada de turbulência comercial. Ainda no fim de semana, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, tentou minimizar os impactos, afirmando que uma conversa entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, deverá esclarecer os ruídos.
Do outro lado, a China reagiu com firmeza. Em comunicado oficial, acusou os Estados Unidos de quebrarem o pacto firmado e prometeu defender seus interesses. O clima é de desgaste, e não apenas diplomático, os efeitos já são percebidos nos mercados globais.
Investidores criam estratégia para lucrar com a instabilidade da Casa Branca
Diante dos recorrentes recuos de Trump após anunciar tarifas, alguns investidores criaram até uma sigla para a operação que se repete: TACO (Trump Always Chickens Out, ou, em tradução livre, “Trump sempre recua”). A lógica é simples: as ações caem após o anúncio de medidas tarifárias, investidores compram, e quando o recuo vem, os papéis sobem, garantindo lucro. Um reflexo curioso de como até a imprevisibilidade política pode ser transformada em estratégia de mercado.
Somando-se ao cenário tenso, o início do mês traz dados importantes para o humor dos mercados globais, como o Payroll, que mede o nível de emprego nos EUA, além de outros indicadores econômicos, como o PMI. Esses números afetam diretamente as expectativas sobre os juros futuros americanos e ajudam a moldar a percepção sobre a saúde da maior economia do mundo.
Lula aposta no diálogo para aprovar medidas fiscais sensíveis
Enquanto isso, no Brasil, o ambiente também é de articulação, mas com foco na política fiscal. No domingo, durante o 16º Congresso Nacional do PSB, o presidente Lula defendeu o diálogo como caminho para a aprovação do decreto sobre o IOF. O evento, que marcou a escolha de João Campos como novo presidente do partido, foi palco de falas estratégicas.
Lula destacou que decisões importantes devem ser construídas em conjunto com os líderes do Congresso. Citando especificamente os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, reforçou que o papel do Executivo é o de convencer, não apenas comunicar decisões já tomadas. Um discurso que tenta reposicionar a relação entre os poderes em meio a um momento delicado para as contas públicas.
O presidente também reconheceu que, com a sociedade cobrando cortes de gastos, “talvez tenha chegado a hora de colocar o dedo na ferida e fazer os ajustes, mesmo com medidas impopulares”. Depois de tantas cobranças, o corte de gastos pode finalmente entrar de vez na pauta e melhorar as perspectivas fiscais.
Mercado inicia junho em clima de incerteza e expectativa
O mês de junho começa sob o signo da instabilidade, tanto no cenário internacional quanto no doméstico. Entre tarifas, indicadores econômicos e embates fiscais, o mercado exigirá atenção redobrada. A combinação de uma política externa conturbada com negociações internas sensíveis compõe um quadro que inspira cautela.
Por ora, a recomendação para o cidadão comum é observar atentamente, decifrando os sinais e torcendo para que, em meio a tantos ruídos, surja alguma previsibilidade, mesmo que apenas nas entrelinhas que ajude a uma tomada de decisão.