
A entrada oficial dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã marca mais que um ponto de inflexão, representa um salto perigoso rumo a uma escalada difícil de controlar. Em uma ação coordenada, forças americanas bombardearam três instalações nucleares iranianas, Fordow, Natanz e Isfahan, utilizando bombardeiros de longo alcance e bombas de penetração profunda. O governo norte-americano justificou a ofensiva como uma tentativa de conter o avanço do programa nuclear iraniano, mas o gesto foi também carregado de simbolismo. Foi a primeira intervenção direta dos EUA desde o início das tensões, o que acendeu alertas não só em Teerã, mas em capitais ao redor do mundo.
A resposta iraniana
Como era esperado, a reação iraniana veio em dois tempos. Primeiro, nos discursos inflamados em canais oficiais e nas Nações Unidas, onde o governo classificou o ataque como uma violação do direito internacional e prometeu uma retaliação “no momento e forma apropriados”. Depois, em um tom mais agressivo, a Guarda Revolucionária afirmou que “a guerra começou” e sinalizou que interesses americanos na região poderão ser alvo.
Apesar da retórica elevada, analistas acreditam que o Irã tende a adotar uma postura estratégica, ativando sua rede de aliados no Oriente Médio para pressionar os Estados Unidos de forma indireta, evitando um confronto aberto e imediato.
Reações globais e riscos no radar
Enquanto o Irã afia seu discurso e calcula sua resposta, o mundo observa com crescente inquietação. Israel celebrou o ataque como um avanço na contenção da ameaça nuclear iraniana. Já países europeus e instituições multilaterais demonstraram preocupação com o risco de uma escalada generalizada, clamando por uma retomada urgente do diálogo diplomático.
Nos mercados, como de costume, a reação foi imediata. Os pregões asiáticos abriram com perdas moderadas, enquanto o petróleo Brent subiu cerca de 5%, superando momentaneamente os US$ 80 por barril. O avanço é expressivo, ainda que abaixo das previsões mais alarmistas, que apontavam a possibilidade de disparada até os US$ 100, caso o conflito se intensifique.
O temor agora está na possibilidade de uma retaliação iraniana envolvendo o bloqueio do Estreito de Ormuz, rota estratégica por onde circula entre 20% e 25% do petróleo mundial. Um eventual fechamento da passagem marítima elevaria os riscos inflacionários e poderia espalhar instabilidade econômica pelas nações mais dependentes de energia importada.
Uma nova fase de incerteza
A ofensiva americana muda o jogo. O Irã, que já vinha operando em um contexto tenso, agora precisa responder de maneira que preserve sua força regional sem provocar um conflito aberto de grandes proporções. Os Estados Unidos, por sua vez, ao assumirem um papel mais direto, aumentam sua exposição e o risco de consequências imprevisíveis para suas tropas, aliados e para a economia global.
Resta saber se as lideranças envolvidas terão capacidade, e disposição, para conter a escalada e buscar alguma saída diplomática. Porque, como a história ensina, fácil é começar uma guerra. Difícil mesmo é saber onde e quando ela termina.