Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Irã x Israel, o conflito que custará caro ao seu bolso

Publicado em 16/06/2025 às 15:33.Atualizado em 16/06/2025 às 15:34.

Se você achava que o orçamento já andava apertado, é melhor preparar o coração e o cartão de crédito. A nova escalada de violência entre Israel e Irã não ficou presa às manchetes, ela quer dar uma bela beliscada em seu bolso também.

Com o conflito chegando a uma nova escala de ataques, o petróleo deu um pulo de 7,02% em um só dia, chegando a US$ 74,23 o barril. Na semana, a alta foi de 12,37%. Parece pouca coisa pra você? Então vale dizer que o Irã responde por quase 5% de toda a produção mundial. Uma saída abrupta do mercado não seria exatamente uma marolinha.

Do petróleo ao supermercado, como o conflito afeta o seu dia a dia

Se o conflito permanecer nas mãos da geopolítica e o petróleo permanecer nas mãos do mercado, o próximo passo é ele aparecer nas bombas de gasolina pelo Brasil.

Com o petróleo nas alturas, o custo de transportar mercadorias também sobe. A inflação, que vinha tentando dar uma trégua, recebe um empurrão para cima. Isso significa que alimentos e o próprio custo do frete serão atingidos. Na hora de encher o tanque, o motorista provavelmente também sentirá o golpe.

No Congresso, em meio a discussões sobre o IOF, Haddad sai de cena

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu uma paradinha estratégica nas atividades, férias de 16 a 22 de junho, exatamente quando o Congresso se prepara para dar o seu próprio “cartão vermelho” ao aumento do IOF.

Com ele de folga, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan ficou encarregado de segurar o leme. Uma saída que ficou ainda mais curiosa pelo período das férias, que estavam previstas para 11 a 20 de julho, mas, de forma quase mágica, foram adiantadas para essa semana. Uma alteração que ninguém quer dizer exatamente o “porquê”.

Com o dono da bola fora de campo, o jogo ficou pra Hugo Motta

Com o ministro longe do tabuleiro, o presidente da Câmara, Hugo Motta, quer urgência pra votar o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que derruba o aumento do IOF, justificando que usar impostos para equilibrar as contas públicas não seria a saída adequada neste momento de instabilidade econômica. 

De um lado, a oposição quer usar o PDL para dar um xeque-mate no Executivo, tentando também preparar um “pacote” para anular todos os decretos que vêm aumentando o IOF. Do outro, o governo quer provar que o assunto é quase técnico, tentando focar na ideia de que o incremento na tributação seria para equilibrar as contas públicas, apesar de a arrecadação projetada ter caído de R$ 18 bilhões para R$ 7 bilhões.

Se a urgência for aprovada, o texto passa pelo plenário quase como um trem-bala, nada de comissões pra atrasar o caminho. Uma manobra que revela tanto a insatisfação de determinados grupos quanto o estilo de Motta.

Com o governo tentando minimizar o conflito, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), chegou a dizer que tudo não passa de um “acordo pra votar urgência, e não o mérito da proposta”.

Moral da história

Enquanto o conflito escala no Oriente Médio e o IOF segue sem definição, o estrago já chegou ao seu extrato. E o único “alívio fiscal” que te deram é… parcelar em 12 vezes.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por