Dinheiro em JogoRafa Anthony é trader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Mercado brasileiro ainda em ritmo de feriado, mas o mundo começa a semana de olho no Fed

Publicado em 21/04/2025 às 06:00.
De 22 a 25 de abril, não temos exatamente um cardápio explosivo, mas o suficiente pra manter o investidor atento (Freepik/Divulgação)
De 22 a 25 de abril, não temos exatamente um cardápio explosivo, mas o suficiente pra manter o investidor atento (Freepik/Divulgação)

Retomada pós-feriado: o que esperar da semana curta

Após um feriado prolongado, sempre vem aquele respiro, mas a vida segue, e a agenda econômica da semana já se arma com seus próprios desafios. De 22 a 25 de abril, não temos exatamente um cardápio explosivo, mas o suficiente pra manter o investidor atento. Aqui no Brasil, seguimos com a novela da âncora fiscal, os ruídos em Brasília e um mercado tentando entender até onde vai a determinação do governo em entregar alguma responsabilidade fiscal sem abrir mão das promessas de gasto.

Nos EUA, inflação no radar e Trump contra o Fed

Enquanto isso, no exterior, os dados de inflação nos EUA voltam a movimentar os mercados, e o Fed segue sendo um personagem central nesse roteiro. Só que agora temos um tempero político: Donald Trump, sempre ele, voltou a disparar contra Jerome Powell, presidente do Federal Reserve.

Se você não sabe o que aconteceu esse fim de semana explicarei para você: Imagine que você está num baile elegante, música rolando, todos de terno, e no meio do salão está o DJ Jerome Powell, presidente do Fed, ajustando cuidadosamente o ritmo (leia-se: taxa de juros). Entra então Donald Trump, de terno brilhante, topete reluzente, e grita: “Esse som tá muito lento! Acelera essa batida, DJ!”

Pois é mais ou menos isso que está acontecendo. Por trás da intenção, há uma frustração antiga. Durante seu mandato, Trump pressionou repetidamente o Fed a cortar os juros, especialmente em momentos de tensão comercial e incerteza econômica. Powell, no entanto, se manteve fiel ao manual: agiu com cautela, analisou os dados, e não atendeu os apelos do Twitter presidencial. Agora, Trump parece convencido de que Powell, como DJ das taxas de juros, tocou a trilha errada, e ainda o teria sabotado politicamente ao não reduzir os juros o suficiente, rápido o bastante, ou da forma mais conveniente.

A questão é que o Federal Reserve é, por concepção, uma instituição independente. Sua credibilidade vem justamente da distância em relação às pressões políticas do governo. A tentativa de remoção de Powell, caso vá adiante, abriria um precedente preocupante, o da personalização da política monetária. Afinal, se o presidente pode substituir o chefe do Fed por discordância estratégica, qual a autonomia real do banco central?

Powell já respondeu com a sobriedade que o cargo exige: não pretende renunciar. E, legalmente, sua remoção só seria possível por “justa causa”, o que, até agora, não parece existir.

Prudência é a palavra

A semana curta que se inicia traz um mix de desafios e tensões tanto no Brasil quanto no exterior, tipo aquele almoço de família que você não sabe se vai terminar em risada ou em drama. Mas calma! Com um pouco de prudência e uma leitura afiada dos sinais, dá para não sair do rumo. Prepare-se para a maré de incertezas, onde o segredo é “saber onde pisar sem molhar os pés”.

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