Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Payroll atrasado e fim do tarifaço em uma semana de dólar firme a R$ 5,40

Publicado em 21/11/2025 às 16:01.Atualizado em 21/11/2025 às 22:02.

O Payroll de setembro, que saiu atrasado por causa do shutdown, trouxe uma taxa de desemprego em 4,4% e criação de 119 mil vagas, bem acima da expectativa. Ainda assim, o conjunto dos dados aponta para desaceleração.O salário médio subiu apenas 0,20%, o menor avanço desde junho, e setores como manufatura e transporte perderam postos.

Por ser o último dado relevante antes da reunião do Fed, que acontecerá daqui a 19 dias, a expectativa era de um impacto mais forte no sentimento do mercado. O efeito foi moderado. As apostas para corte de juros subiram de 39% para 43% e a probabilidade de manutenção recuou de 61% para 57%. Grande parte dos dirigentes do banco central americano continuam defendendo prudência, especialmente sem o relatório completo de outubro, inviável por causa do shutdown.

Mercados internacionais entre cautela e correção

Ainda sobre os Estados Unidos, o balanço forte da Nvidia que saiu essa semana chegou a animar o início do pregão pós resultado, mas o movimento perdeu força e as bolsas voltaram ao terreno negativo. As dúvidas sobre o ritmo de expansão da inteligência artificial seguem influenciando a tomada de risco.

Um alívio para as exportações brasileiras

No Brasil, o feriado terminou com uma notícia relevante. Depois de quatro meses de sobretaxas, os Estados Unidos retiraram a tarifa adicional de 40% aplicada a mais de 200 produtos brasileiros. A medida vale de forma retroativa e inclui itens como café, carne bovina e frutas.Os valores pagos desde 13 de novembro serão reembolsados.

A mudança ajuda a aliviar um desequilíbrio que vinha se acumulando. A participação das exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos caiu de 12% para 8% em um ano, enquanto o déficit comercial aumentou mais de 340%. A reversão do tarifaço não resolve todo o estrago, mas abre espaço para recuperação gradual das vendas.

O contexto diplomático e político

A Casa Branca justificou o recuo citando conversas entre Trump e Lula e recomendações de assessores. O Itamaraty recebeu o anúncio com satisfação e afirmou que seguirá negociando a retirada das tarifas restantes. Lula comentou o assunto no Salão do Automóvel e disse que o Brasil recuperou o respeito internacional. 

No campo político interno, a indicação de Jorge Messias ao Supremo abriu desgaste com o Senado. Davi Alcolumbre respondeu pautando uma matéria de impacto fiscal elevado, aumentando a tensão em um momento em que o governo tenta avançar em outras negociações relevantes.

Reação do mercado e o que esperar para a semana que vem

A retirada das tarifas tende a fortalecer o real, mas o mercado se movimentou na direção oposta. O dólar voltou a operar novamente acima dos R$ 5,40 e o Ibovespa, ao redor de 154 mil pontos, passa por um período de ajustes depois de uma sequência longa de alta. O investidor local segue equilibrando a notícia positiva do tarifaço com os dados mistos do payroll, a incerteza sobre o Fed e o feriado nacional que impediu o reajuste das posições.

À medida que os indicadores atrasados forem sendo divulgados e o cenário dos juros americanos ganharem clareza, os mercados devem encontrar um ponto de equilíbrio mais estável para fechar o ano. 

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