A contagem regressiva chegou à reta final. O governo dos Estados Unidos confirmou que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros começará a valer no dia 1º de agosto, sem prorrogação, sem negociação de última hora. Em declarações públicas, tanto o presidente Donald Trump quanto o secretário de Comércio, Howard Lutnick, deixaram claro que não há mais espaço para postergações.
Diplomacia em marcha lenta
Do lado brasileiro, os esforços diplomáticos continuam, mas os resultados ainda não apareceram. O chanceler Mauro Vieira está em Nova York para um evento das Nações Unidas, mas sem previsão de encontros com representantes da Casa Branca. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin, principal interlocutor do governo nessa crise, tem mantido contato frequente com autoridades americanas, embora ainda sem avanços concretos.
O presidente Lula, por sua vez, tem adotado um tom firme, destacando que o Brasil está disposto a dialogar, mas sem abrir mão de seus princípios. Em mais de uma ocasião, afirmou que o país está pronto para mostrar que a decisão americana se baseia em informações distorcidas.
Minerais estratégicos: oportunidade ou distração?
Nos bastidores, cogita-se que os interesses americanos em minerais críticos brasileiros como nióbio, grafite e terras raras poderiam abrir caminho para uma negociação. No entanto, segundo diplomatas ouvidos pela imprensa, isso ainda está longe de se concretizar. Por ora, trata-se mais de um “balão de ensaio” do que de uma proposta formal.
O setor privado já se movimenta. Organizações como a Amcham e a US Chamber of Commerce elaboraram um plano conjunto de cooperação no setor mineral, sinalizando que há espaço para convergência. Mas isso ainda precisa de vontade política dos dois lados.
Medidas emergenciais em curso
Enquanto busca abrir caminho para o diálogo, o governo federal prepara medidas para mitigar os impactos da tarifa. Um pacote de apoio aos exportadores deve ser apresentado nos próximos dias, com foco em linhas de crédito específicas, compras públicas de excedentes e apoio técnico. O BNDES já sinalizou disposição para atuar, especialmente em setores de menor porte ou com produtos perecíveis.
A prioridade, neste momento, é evitar que empresas brasileiras sejam forçadas a interromper operações ou destruir mercadorias por falta de alternativas comerciais.
Efeitos econômicos ainda indefinidos
Do ponto de vista econômico, a incerteza ainda paira sobre os reais impactos da tarifa. Nesta semana, teremos reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa do mercado é de manutenção da Selic em 15%, e o Banco Central já indica que acompanhará os efeitos do protecionismo sobre a inflação e o crescimento. A depender da intensidade da crise e de uma eventual retaliação brasileira, o aumento no custo das importações americanas pode ter efeito inflacionário.
Esse é um ponto sensível para o governo, que precisa equilibrar a resposta externa com a estabilidade interna.
Ainda há tempo para uma reconfiguração do cenário, mas o espaço para improvisos é cada vez menor, o tempo urge e estamos atentos para o desfecho ao longo dessa semana.