A semana termina com uma leve trégua na contagem regressiva do tarifaço de Trump: o início da cobrança foi prorrogado para 6 de agosto. O gesto, embora pequeno, abre espaço para conversas mais técnicas entre os governos e cria a oportunidade de incluir mais produtos na lista de exclusão tarifária. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma nova rodada de diálogo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já está sendo agendada.
Um dos focos do governo brasileiro é garantir que produtos como o café sejam incluídos na lista de exceções à tarifa. Há sinais de que o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, pode considerar isenções específicas para recursos naturais. Trata-se de uma brecha importante para setores estratégicos.
Do lado empresarial, varejo e indústria devem apresentar um “manifesto antitarifaço” ao governo federal. A proposta defende medidas emergenciais para amenizar impactos, como suspensão de aumentos do IOF e estímulos via linhas de crédito cambial. Também está em discussão a flexibilização da contratação na CLT para apoiar setores que eventualmente sejam afetados. É como se dissessem: "Olha, a gente aguenta desaforo, mas só até certo ponto!"
Apesar das isenções anunciadas até agora, cerca de 35,9% das exportações brasileiras ainda estão sujeitas às tarifas. O restante, aproximadamente 44,6%, foi poupado, o que indica algum espaço de manobra.
Trump, Canadá e México: TACO (Trump sempre volta atrás)?
Se os brasileiros acham que têm problemas, é porque não perguntaram aos canadenses e mexicanos como vai o relacionamento com Trump. O presidente americano acaba de aumentar tarifas contra o Canadá para 35%, mas já abriu porta para uma nova conversa. Motivo alegado? Suposta falta de cooperação canadense no combate às drogas.
Já com os mexicanos, Trump resolveu adiar o aumento das tarifas em 90 dias, mas o México ainda paga caro por produtos. É a famosa técnica de negociação "morde e assopra" na versão diplomática.
Payroll fraco? Para o real, foi a melhor notícia da semana
Os dados do Payroll dos EUA vieram abaixo do esperado. Menos empregos criados, desemprego um pouco maior e salários andando de lado. Resultado? O mercado elevou as apostas num corte de juros já na próxima reunião do Fed em 17 de setembro, o que jogou o dólar ladeira abaixo. Aqui no Brasil, o real agradeceu, passando de R$ 5,60 para R$ 5,54 com direito a sorriso no rosto.
Juros mais baixos por lá reduzem a atratividade do dólar e incentivam investidores a buscar oportunidades em mercados emergentes que estão oferecendo “dinheiro fácil” com taxas generosas. E com a Selic a 15% ao ano, acabamos ficando irresistíveis.
No fim das contas, o Brasil vai tentando equilibrar as pressões externas com os humores internos. Ainda é cedo para saber se o tarifaço será totalmente revertido ou se estamos apenas ganhando tempo, mas ao menos o café segue forte na mesa de negociações, e o real, por ora, mais animado no mercado. Enquanto isso, para o investidor que observa tudo isso de camarote, os produtos atrelados à Selic continuam sendo os mais interessantes da vitrine, previsíveis e rentáveis.