Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Trump reaquece a guerra comercial e mira o Brasil como alvo

Publicado em 09/07/2025 às 18:46.Atualizado em 09/07/2025 às 19:03.
 (Reprodução/redes sociais)
(Reprodução/redes sociais)

Na coluna anterior, alertamos que Trump colocaria suas “cartas na mesa”. Pois bem, uma dessas cartas foi endereçada ao Brasil. 

Na mais nova reviravolta do comércio internacional, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto.

A medida veio por meio de uma carta endereçada diretamente ao presidente Lula. Acredita-se que o ato seja justificado como uma reação ao que Trump chama de "perseguição política" contra Jair Bolsonaro e “censura” às plataformas digitais nos Estados Unidos.

Ainda que o discurso seja recheado de termos ideológicos, o impacto será prático e pesado para setores da economia brasileira.

De commodities ao agronegócio: efeitos imediatos

A tarifa atinge um leque amplo de produtos e compromete a competitividade das exportações brasileiras para o mercado americano. Com a taxação, enviar carne, aço, alumínio ou manufaturados para os Estados Unidos ficará consideravelmente mais caro e menos interessante.

A notícia impactou o câmbio já no fim do pregão e espalhou insegurança entre exportadores, justamente num momento de desaquecimento global e incerteza quanto aos rumos da política econômica americana. Não bastasse o cenário externo já instável, o Brasil agora ganha um novo risco.

Motivações que vão além do comércio

Embora apresentado como uma medida de “reciprocidade”, o movimento pode ter um claro componente político. O Brasil, neste caso, virou protagonista de um enredo que mistura ideologia, relações pessoais e estratégias de mobilização eleitoral nos Estados Unidos.

A relação pessoal entre Trump e Bolsonaro pode ajudar a explicar o tom adotado, mas torna a medida ainda mais delicada do ponto de vista diplomático.

E agora, como reagir?

O governo brasileiro, até o momento, avalia as opções possíveis. Há margem para recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), buscar negociações bilaterais ou até adotar medidas de retaliação. Mas a prudência parece ser o caminho escolhido, ao menos no primeiro momento.

Economistas alertam que esse tipo de tensão, se não for contida, pode evoluir para uma escalada comercial de consequências imprevisíveis. E em tempos de cadeia global fragilizada e volatilidade nos preços internacionais, qualquer ruído extra custa caro.

Mais do que comércio, um sinal de alerta

A tarifa imposta ao Brasil é mais do que uma medida pontual, é um lembrete de como a política internacional está cada vez mais imprevisível. Quando decisões estratégicas passam a ser tomadas por afinidades políticas ou disputas internas, o comércio perde previsibilidade e todos pagam a conta.

Seja qual for a resposta brasileira, o episódio mostra que, em tempos de campanha, fronteiras comerciais podem virar trincheiras eleitorais e, nesse jogo, quem exporta não dorme tranquilo.

Enquanto isso, no mercado...

Até que o cenário tenha um desfecho mais claro, o melhor movimento para nós, meros mortais, é proteger as posições expostas, especialmente em ativos fortemente ligados à exportação para os Estados Unidos.

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