Marcelo Batista
O filme conta a história de um pai que cria os seus seis filhos longe da civilização, em uma rotina que envolve um profundo estudo literário e filosófico, além de aulas de sobrevivência na floresta. Em determinado momento da narrativa ele é obrigado a levar os filhos para a convivência social e passa a contestar o seu comportamento, inclusive como pai.
Assim como nessa obra - “Capitão Fantástico”, de 2016 - muitos outros pais e responsáveis se viram obrigados a retirar os filhos de um longo isolamento gerado pela pandemia. Muitos dos alunos, devido ao excesso de proteção, chegam mais fechados e com muitas dúvidas, inclusive sobre o futuro, sempre muito incerto.
Uma dúvida que muitos apresentam hoje diz respeito à questão das profissões e os caminhos propostos no novo ensino médio, que começou de maneira oficial neste ano. Muitos alunos são obrigados a decidir por qual itinerário formativo seguir - o que significa antecipar uma escolha que ocorreria somente na hora de fazer o Enem - visto que as decisões dos itinerários interferem profundamente nos conteúdos estudados ao longo do ensino médio.
Para auxiliar nessa escolha, as escolas têm oferecido o Projeto de Vida, um acompanhamento para o autoconhecimento e a escolha do caminho para esse novo e obscuro ensino médio. Dos muitos alunos que já começam a visualizar algumas possibilidades, vários levantam problemas devido à divergência entre o que querem seguir e o que os pais considerariam o ideal.
Para os pais, que se acostumaram a guardar os filhos embaixo das asas por dois anos, a insegurança é ainda maior. Não seria o momento de haver uma maior união entre a família e as instituições de ensino, como forma de sanar dúvidas sobre o novo modelo de ensino? Neste momento, em que muitos os pais sofrem desse complexo de Capitão Fantástico, é importante unir, agregar as famílias e as instituições de ensino, em busca do que poderia ser o melhor para o aluno.