O que ficou do uso das máscaras?

Publicado em 19/05/2022 às 06:00.

Léo Miranda

Nos últimos meses o número de mortes causadas pela Covid-19 caiu drasticamente, fruto principalmente da ampliação da vacinação. Esses mesmos dados permitiram que finalmente pudéssemos andar nas ruas, ir a eventos fechados, estar em sala de aula sem que a máscara estivesse entre nós e nossos interlocutores. Um alívio após dois anos de privação, com efeitos que estão além do comprometimento da socialização. Nas salas de aula o reflexo da retirada das máscaras foi imediato: após um pouco mais de um mês sem esse acessório, estudantes e professores passaram a desfrutar de uma interação mais genuína e intensa. Um sentimento de certa normalidade foi retomado, como também o fora na sociedade em geral.

A grande questão é que o número de casos confirmados da doença aumentou substancialmente em poucas semanas em que a máscara deixou de ser um item obrigatório nos espaços por onde passamos. Algo que de certa forma era esperado, já que inevitavelmente, sem o item de proteção, todos nós de alguma maneira nos tornamos mais expostos ao vírus. Igualmente esperado é que a chegada das temperaturas baixas típicas do outono e em breve do inverno levassem ao aumento de casos positivos não só de Covid-19, mas também de influenza e resfriados, já que em geral tendemos a ficar mais tempo e ambientes fechados e com pouca circulação de ar.

O que não era esperado é que após dois anos o ritual de lavar as mãos, usar álcool em gel e principalmente, utilizar as máscaras fosse abandonado por completo, como se apagássemos aquilo que a pandemia deixou de aprendizado, a profilaxia que vai além do cuidado consigo mesmo, mas principalmente com o outro. A pretensa “etiqueta higiênica”, atribuída como algo natural aos países asiáticos, não parece ter se consolidado na população brasileira. Se antes os totens de álcool gel se multiplicavam, agora sumiram, e quando ainda existem em algum lugar, estão vazios. Ao sinal da tosse, coriza insistente, ou mesmo da febre, sintomas clássicos da Covid, as máscaras não necessariamente são resgatadas. Nas salas de aula, com frequência um cof cof insistente é ouvido, o que geralmente é atribuído a uma rinite, ou alergia, diagnosticados pelo próprio paciente, ou por aqueles por ele responsáveis. Sem problemas, desde que testados e com máscara durante o período em que estiverem em contato com colegas, professores e todos presentes na escola.

Não há dúvidas que teremos que conviver com a Covid-19 e suas variantes durante anos e que muito provavelmente a sazonalidade climática irá interferir no aumento do número de casos de tempos em tempos, algo como o que acontece com a dengue. Por isso, normatizar o uso de máscara não parece mais razoável, mas utilizá-las como forma de evitar novos surtos e variantes de doenças respiratórias com certeza será um ganho de saúde pública, alteridade e por que não, de cidadania.

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