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A expansão do consumo de bebidas artesanais (cafés, cervejas, destilados)

Publicado em 12/09/2025 às 06:00.

Rubens de Avelar Freitas*


Nos últimos anos, uma transformação silenciosa, mas significativa, tem mudado a forma como os brasileiros consomem bebidas. Se antes a preferência recaía quase sempre sobre marcas tradicionais e de grande escala, hoje há uma busca crescente por experiências mais autênticas e singulares, o que explica a ascensão do consumo de cafés especiais, cervejas artesanais e destilados produzidos em pequenas quantidades. Esse movimento não é apenas uma tendência de mercado, mas um reflexo de mudanças culturais e de comportamento.

O café, um fiel companheiro dos brasileiros, deixou de ser apenas uma bebida corriqueira. Os consumidores mostram-se cada vez mais propensos a investir em grãos de origem controlada, torras singulares e métodos de preparo que realçam nuances de sabor antes ignoradas. Cafeterias especializadas, presentes nas capitais e em cidades de porte médio, transformaram o simples ato de beber café em uma experiência sensorial, repleta de história, tradição e técnicas apuradas.

O mesmo fenômeno é visível no universo cervejeiro. As cervejas artesanais, antes limitadas a um grupo seleto de apreciadores, ganharam espaço em bares, restaurantes e nas prateleiras dos supermercados. O público passou a dar valor não só ao paladar, mas também à inventividade dos mestres cervejeiros, que exploram ingredientes regionais, combinações inesperadas e estilos vindos de diversas partes do planeta. Hoje, pedir uma cerveja deixou de ser um ato automático, tornando-se uma escolha consciente que revela identidade e preferências pessoais.

No campo dos destilados, a reinvenção também é evidente. A cachaça, patrimônio nacional, vem sendo redescoberta em versões premium, com envelhecimento em barris variados e processos de produção cuidadosos. Além dela, pequenos alambiques de gin, rum e uísque artesanal têm paladares conquistados atentos à qualidade e à exclusividade. A valorização da produção local, muitas vezes familiar, soma-se ao interesse por histórias de quem está por trás de cada garrafa, aproximando produtor e consumidor. Esse crescimento revela mais do que uma preferência por produtos diferenciados: mostra uma mudança na forma de consumir. Há um desejo de conhecer a origem, entender o processo e valorizar o trabalho artesanal.

Essa expansão revela mais do que uma predileção por produtos diferenciados, demonstrando uma mudança na maneira de consumir. Existe um desejo de conhecer a origem, entender o processo e valorizar o trabalho artesanal. Não se trata apenas de beber, mas de vivenciar uma experiência cultural e sensorial. Em um mundo cada vez mais homogêneo, as bebidas artesanais surgem como símbolo de autenticidade, de resistência ao consumo em massa e da busca por uma melhor qualidade de vida.

Ao que tudo indica, essa onda não é passageira. A cada gole de café coado com cuidado, a cada brinde com uma cerveja criativa, a cada dose de destilado envelhecido com paciência, cresce também a percepção de que o consumo pode ser mais consciente, prazeroso e conectado às nossas raízes.

* Gastrólogo e professor especialista em gastronomia e estudos da culinária

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