Lucas Costa*
Entender o tempo é um dos maiores desafios da humanidade porque ele sempre avança para o futuro, sem paradas ou voltas. No entanto, para organizar a vida social, foram criados marcos temporais, das estações da natureza demarcou-se o ano. Desde então, a cada 365 dias é celebrado um novo ano, as pessoas comemoram ciclos que terminam e que se iniciam.
O final de um ano é, então, um período de catarse simbólica. A sociabilidade humana faz com que as pessoas se reúnam nesses momentos, principalmente aquelas que compartilham os mesmos ciclos. Por isso, é tão comum que grupos de familiares, amigos e pessoas de uma mesma repartição, por exemplo, marquem confraternizações no final do ano.
Essas celebrações carregam ânimos e laços próprios de cada grupo, mas a organização segue, quase sempre, o mesmo roteiro. Uma turma define quem vai, qual vai ser a dinâmica e, então, é discutido o lugar. Este deve acomodar todos em um ambiente agradável com opções de comida e bebida. Por essa razão, muitas das vezes são escolhidos bares e restaurantes para as confraternizações.
Toda vez que pensamos em um grupo de pessoas ocupando um espaço, temos que pensar nas relações interpessoais e, também, nas interações com o ambiente. As confraternizações, então, não são importantes apenas para as pessoas que estão celebrando, mas também para os estabelecimentos de alimentação que as recebem.
Nesses encontros, cada mesa reúne histórias diferentes, é o amigo mais recente, o parente que veio de longe, o time de trabalho que labutou o ano todo. Nos bares e restaurantes, esses grupos encontram o ambiente ideal. Ali, conversas se sobrepõem, risadas ecoam, brindes são feitos e lembranças são criadas em torno de uma mesa que funciona como ponto de encontro e, muitas vezes, como ponto de reconexão.
Em Minas Gerais, por exemplo, 78% dos bares e restaurantes estão otimistas com as vendas de final de ano e esperam mais faturamento do que no ano passado, segundo pesquisa da Abrasel-MG. As festas e confraternizações, que se expandem para além de Natal e Ano Novo, movimentam de tal forma o setor de alimentação fora do lar que apesar das dificuldades inerentes do setor, mais de um quarto dos estabelecimentos pretendem fazer novas contratações ainda esse ano, de acordo com a pesquisa da Abrasel.
Celebrar a vida e seus ciclos é, então, na nossa sociedade também movimentar a economia. Grupos que se reúnem para confraternizar consomem produtos e serviços que geram retorno financeiro para outro grupo que também se reúne para fazer sua celebração. Além do consumo direto, há ainda o impacto invisível, mas profundo, que esse movimento produz. São cozinheiros, atendentes, gestores, equipes de limpeza e logística que também encerram seus próprios ciclos ao atender essas mesas. Assim, enquanto uns brindam o ano vivido, outros encontram a oportunidade de fortalecer seus negócios, gerar renda e reafirmar a importância dos bares e restaurantes como espaços essenciais de convívio social.
* Assessor de Comunicação- Abrasel