Qual o futuro da gastronomia?

Publicado em 20/06/2025 às 06:00.

Pedro Henrique Oliveira*


O avanço desgovernado do consumo em casa, denominado delivery? Ou uma mudança brusca no modo de consumir alimentos fora do lar?

Fato comprovado é que a projeção de crescimento da alimentação fora do lar em 2025 será maior que a inflação projetada, que é de 5,44% em nosso país. Mas, ao perguntar aos empresários sobre o atual cenário, a resposta é de baixa rentabilidade e instabilidade.

Onde estão as famílias? Onde estão as rodas de amigos? Qual a programação musical para o fim de semana? A comprovação está no crescimento das assinaturas de streaming, que bateu recorde no primeiro trimestre de 2025.

A indústria da construção civil não destina mais um olhar criterioso para a construção de cozinhas que encantam; pelo contrário, os novos imóveis têm cozinhas cada vez menores. As áreas de lazer dos prédios chamam mais atenção do que a quantidade de quartos e o tamanho do apartamento.

Sim, precisamos urgentemente entender que não é sobre produtos que estamos falando, e sim sobre a forma como as pessoas se relacionam com o alimento.

Os supermercados, desde 1990, já vendem comidas prontas e quentes na hora, por valores mais atrativos que os restaurantes. O algoritmo mais valioso no iFood é a entrega grátis.

Pesquisas nacionais e internacionais comprovam que não teremos mais consumo de alimentação fora do lar em larga escala; não se constroem mais restaurantes de 800 a 1000 lugares. A dúvida perene na cabeça do empreendedor da gastronomia é... Como fidelizar, e não como atrair mais clientes.

Os americanos não buscam novos clientes diariamente; eles trabalham incansavelmente para fidelizar a base de clientes já existentes. A guerra é por marca e consumo, não por produto. Seria esse o caminho?

De fato, com base em muitos números e pesquisas mundiais, a alimentação nua e crua virou commodities. Precisamos pensar, falar e conectar com os clientes de outra forma.

A comunicação pessoal e artesanal virou uma arma letal; os produtos autorais têm uma margem mais interessante e curiosa. O delivery é uma obrigação, e pensar no cotidiano do seu comensal é mais importante que a marinada do cambito.

Aperte os cintos: a gastronomia não é sobre produtos, é sobre a relação humana com o alimento.

*Professor e Consultor PH

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