Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

A era dos sofomaníacos: os idiotas que se acham sábios

Publicado em 12/08/2022 às 06:00.

Sabe aquela pessoa que se acha a mais entendedora dos mais variados temas, do alfinete ao foguete, passando por física quântica, preservação da Amazônia, ideologia política, economia, guerras, relacionamentos, porte de armas, alimentação saudável, como enriquecer, pandemias, e por aí vai?

Pois é. Estão sempre presentes, fisicamente ou de forma mais marcante nas redes sociais, onde encontram campo fértil para disseminarem suas “infinitas sabedorias”. O ex-CEO do Google , o americano Eric Schmidt, lamenta o fato, ao afirmar que “o contexto das redes sociais como amplificadoras de idiotas e pessoas malucas não era o que nós queríamos”.

Já o escritor e filósofo italiano Umberto Eco afirmou que “as redes sociais dão o direito à palavra a uma “legião de imbecis”; que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.

Algumas características comuns aos acometidos pela sofomania: em absoluto não cogitam a possibilidade de estarem errados, não admitem opiniões diversas das suas e têm convicção de sua superioridade intelectual, qualificando os outros com pensamentos diferentes como inocentes, ineptos, alienados, limitados e até mesmo burros.

Parece que a pandemia potencializou a sofomania. Talvez isso se deva ao fato das pessoas terem ficado mais tempo em suas casas e com mais acesso às redes sociais. Neste momento surgiram sofomaníacos acerca da Covid e da vacina. E quanta besteira foi disseminada como verdade!

E é só aparecer algum fato relevante em âmbito nacional ou internacional para ser a bola da vez dos idiotas de plantão vomitarem suas idiotices.

E especificamente este segundo semestre para os sofomaníacos será como a Disney para as crianças (e adultos também, falo por mim!!). Temas em destaque serão política e futebol. Eleições por vir e Copa do Mundo logo após. A sofomania estará indubitavelmente de forma presencial em todos os lugares, sejam no ambiente de trabalho, nas festas familiares e nos encontros com amigos. E de forma virtual 24 horas por dia, 7 dias por semana nas redes sociais.

Teremos um espécie de sofomaníacos standard, aqueles de apenas um tema, e aqueles “mais sábios” ainda, qualificados como masters, que farão assertivas absolutas e não passíveis de discordâncias acerca de todos os temas de uma campanha eleitoral, objetivando qualificar de forma inquestionável seu candidato como o perfeito, o mais honesto, o mais humano, o mais inteligente, o mais preparado, o irretocável governante.
Tenhamos paciência! O que nos resta para tentar suportar esta espécie humana antes de cortarmos relações ou o bloqueio nas redes sociais.

Interessante observar como se dá a absorção de conteúdo de determinado tema pelo sofomaníacos. Pode se dar por um curso de fim de semana, um único artigo lido, e na forma mais comum por alguma postagem nas respectivas bolhas de redes sociais, sem a menor preocupação se foi emitida por um robô ou se reconhecida fake news. Sem contar, a que também acontece, do famoso achismo. 

Estas formas são mais que suficientes para a pessoa se achar especialista no tema e externalizar “sua verdade” como absoluta, refutando qualquer opinião ou pensamento contrário.
Por fim, importante salientar que todos estamos passíveis de, em um momento ou outro, acharmos sábios acerca de algum tema. Isso é inerente à natureza humana. Mas quando se torna algo constante, uma mania, cuidado, você pode ser um autêntico idiota sofomaníaco.

E precisa de tratamento!

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