Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

A quase impossível unidade partidária para as eleições a governador em Minas

Publicado em 07/11/2025 às 06:00.

Aos poucos o xadrez eleitoral em Minas começa a ficar claro. Mas ainda bem incipiente, na dependência principalmente de dois fatos a serem definidos em Brasília.

O primeiro em relação ao senador Rodrigo Pacheco. Com impacto direto, pois caso seja indicado por Lula para o STF, o que fará o campo da esquerda em Minas? Se não for indicado, aceitará o desafio da disputa ao governo? Ou nova candidatura ao Senado?

O outro fato é a definição do campo da direita em relação à sucessão presidencial. Se Tarcísio de Freitas for o candidato, tende a unir os partidos do campo da direita em torno de seu nome. Se definir pela reeleição ao governo de SP, poderá ocorrer pulverização de nomes à disputa presidencial. Indubitavelmente com reflexos nas definições dos nomes e coligações ao governo de Minas.

Parafraseando Nelson Rodrigues, é óbvio ululante que com o xadrez dos postulantes ao governo de Minas definido, o que não terá é absoluta unidade em torno do nome pelo respectivo partido e coligação.

Até as palmeiras da Praça da Liberdade sabem que os candidatos a deputado estarão preocupados em primeiro, em segundo e em terceiro lugar com suas próprias eleições. Apoiarão os candidatos ao governo se lhes for conveniente em termos eleitorais! Pragmatismo total. Prática das eleições passadas e que seguramente repetirá. Fidelidade partidária foi para as calendas gregas!

E outro ponto que embasa a falta de unidade é a heterogeneidade das concepções programáticas internamente entre parlamentares e dirigentes de cada partido. Dois exemplos recentes ilustram o dito acima. A filiação do vice-governador e direitista Mateus Simões ao PSD, partido que tem como um de seus principais quadros o ministro do governo Lula Alexandre Silveira e alguns parlamentares e prefeitos ligados ao senador Rodrigo Pacheco. Mesmo que alguns saiam, muitos ficarão, e por suposto não apoiarão Mateus Simões.

O outro exemplo é o recém anúncio do MDB em lançar Gabriel Azevedo como pré-candidato ao governo. Diga-se de passagem, visto por muitos apenas como um gesto do partido para se valorizar no jogo nacional de composições, e longe de ser algo definitivo e com enormes chances de recuo pelas direções nacional e estadual do partido. 

Não obstante isso, no evento, discursos recheados de críticas ao governo Zema. Para os mais distraídos algo normal, mas um dos principais nomes do partido no Estado é o deputado estadual João Magalhães, simplesmente o líder do governo Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais que atua de forma firme na defesa das pautas do Executivo no Legislativo estadual. Assim sendo, não há que esperar que João Magalhães leve o nome de Gabriel Azevedo – caso a candidatura perdure - pela Zona da Mata mineira na defesa de uma nova forma de gestionar o governo. 

Portanto, da maior relevância e indispensável dispor que o número de parlamentares e prefeitos de um partido está longe de ser decisivo para o êxito eleitoral. Eleição majoritária é algo que desperta o interesse direto dos cidadãos, longe da tutela seja de deputados e prefeitos. O grande desafio dos candidatos é estabelecer uma conexão direta e emocional com o eleitor.

E para isso são premissas básicas planejamento, estrutura adequada, grupo político coeso, sagacidade, capacidade de agregar, ponderação, respeito aos adversários e humildade. 

Dos dois pontos citados no início desta coluna, o primeiro deve ter um desfecho em breve, talvez nos próximos 15 dias saberemos a decisão do presidente Lula quanto à vaga para o STF e a consequente decisão do futuro político do senador Rodrigo Pacheco.

Quanto à decisão de Tarcísio de Freitas e do campo da direita em relação à sucessão presidencial, tudo indica que apenas em 2026 terá fumaça branca.

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