Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Articulações para um segundo turno em BH entre Fuad e Bruno Engler

Publicado em 26/04/2024 às 06:00.

As eleições municipais deste ano têm alguns aspectos que juntos as diferem de outras, principalmente nas maiores cidades. Redes sociais com cada vez mais influência no processo eleitoral, o PT no comando da forte máquina pública federal, um eleitorado de direita mais organizado e focado, além do ex-presidente Bolsonaro inelegível para 2026, mas com carisma e grande potencial para forte mobilização e protagonismo político.

Em análise específica da eleição majoritária em BH, temos até o momento 11 pré-candidatos que manifestaram publicamente a pretensão. No campo da Centro/Direita e Direita são eles: Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos) e Luíza Barreto (Novo). Pela Centro/Esquerda e Esquerda, Rogério Correia (PT), Duda Salabert (PDT), Bella Gonçalves (PSOL), Paulo Brant (PSB) e o atual Prefeito Fuad Noman (PSD). E pelo Centro Gabriel Azevedo (MDB), João Leite (PSDB) e Mauro Tramonte (Republicanos).

Uma análise em destaque. Nas outras eleições, lideranças e partidos decidiam disputar, mesmo sem ter chances de vitória, principalmente pelos seguintes fatores: para fortalecer nomes para embates futuros, para ajudar na eleição de vereadores do respectivo partido ou para se cacifar em uma negociação no segundo turno para postos no governo.

Nesta, percebe-se uma outra linha de raciocínio, talvez por ser um farol para o pleito nacional de 2026. Estrategicamente equivocado o pensamento do “vamos lançar um nome e no segundo turno vemos o que vai dar. Se não formos, definimos o melhor apoio”.

Em marcha em Brasília uma forte articulação, para no momento certo, e que será em breve, “propor”, para não dizer impor, a desistência dos principais nomes da esquerda para se coligarem ainda no primeiro turno ao candidato à reeleição Fuad. Ressalta-se que ao contrário do campo da direita, o da esquerda está bem pulverizado. Só assim sua candidatura entra no jogo com reais chances de vitória. 

Há o entendimento que vem se amplificando que, além da fragilidade do PT na capital mineira e da rejeição do nome colocado, do Dep. Rogério Correia, o atual prefeito tem primazia por já estar na cadeira e por ser do poderoso PSD de Gilberto Kassab e Rodrigo Pacheco. Não obstante as fortes críticas que têm feito à gestão de Fuad, os respectivos partidos teriam dificuldades em dizer não a um “apelo” de Lula, e ademais, um projeto maior os une, que é evitar a inédita vitória da direita em BH desde a redemocratização.

E não duvidem da possibilidade e/ou vontade do PSB de ter êxito na indicação do ex- vice-governador e até então pré-candidato à PBH Paulo Brant como vice de Fuad na disputa.

Tem lógica político-eleitoral a estratégia disposta acima, pois o objetivo maior é derrotar a direita em BH, encarnada pelo Dep. Bruno Engler. E deixar solto no primeiro turno para focar no segundo turno pode não ser uma estratégia efetiva e exitosa. E nisso o Presidente nacional do PSD Gilberto Kassab joga com maestria!

Isso significaria um embate fortemente polarizado em um provável segundo turno entre Fuad X Bruno Engler. Cenário já definido? Por suposto não. Primeiro que eleição e política não são ciência exata. E segundo que outras peças do tabuleiro podem se unir, em uma articulação para a união dos candidatos de Centro João Leite, Gabriel Azevedo e Mauro Tramonte, e talvez envolvendo a centro/direita com Luíza Barreto e Carlos Viana. 

O acordo se daria em torno de um nome que esteja melhor nas pesquisas, com menor rejeição e maior capacidade de agregar apoios junto ao eleitorado não pertencente às bolhas, tanto de esquerda como de direita.

Difícil? Sim. Impossível? Não. Caso os candidatos sobreponham um interesse maior aos pessoais e partidários, pode quebrar a polarização na capital mineira e lograr vitória. A refletir o levantamento recente do Ipec em âmbito nacional e com forte tendência nas capitais, em que 47% dos eleitores preferem votar para prefeito em um candidato que não seja ligado nem ao presidente Lula nem ao ex-presidente Bolsonaro.

Aguardemos!

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