Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

As incertezas do xadrez eleitoral de 2022

Publicado em 16/04/2022 às 06:30.

Se toda eleição é de extrema importância e relevância, a desse ano não deixará por menos. Em âmbito internacional, com sérios impactos no Brasil, um cenário de crise econômica pós-pandemia e efeitos devastadores da invasão da Ucrânia. Internamente, um ambiente negativo do “nós contra eles”, em que alguns insistem em incutir na mente dos cidadãos que o processo eleitoral se resume na luta do “bem contra o mal”.

Esta tática maniqueísta é uma verdadeira e absurda falácia. Salvo melhor juízo, penso não ter um lado de honestos e outro de desonestos. Um de competentes e outro de incompetentes. Um de eficientes e outro de preguiçosos. Um que defende o bem comum e outro que só quer benefícios próprio e dos seus. Em todos os lados, e não apenas em dois, pois a sociedade é plural; há pessoas do bem e outras nem um pouco. Isso faz parte da natureza humana.

Soluções serão apresentadas para todos os problemas, assim como tentativas de desconstrução dos adversários. Mais que nunca, as redes sociais serão fontes de informações, assim como fértil terreno de proliferação das famosas fake news.

Tanto uma vitória como uma derrota eleitoral não se dá da noite para o dia. Uma sucessão de fatos e acontecimentos culminam no resultado eleitoral, determinando o papel de vencedor ou de vencido. O aspecto emocional em um processo eleitoral sobrepõe o racional. Esta uma tarefa indispensável para os analistas e marqueteiros dos candidatos, alicerçados pelas importantes pesquisas qualitativas.

As peças do xadrez eleitoral, tanto na eleição nacional quanto a de Minas Gerais, e por suposto de outros estados, estão indefinidas. Dependem tanto de aspectos legais como políticos. Aquele com respeito a prazo de filiação partidária, desincompatibilização, formalização de federações partidárias e datas de convenções partidárias. Quanto ao aspecto político, trata de conversas internas entre lideranças políticas e econômicas, análises de pesquisas, traições e “puxada de tapete”.

Vencidos os dois pontos - o legal e o político -, é que teremos as definições dos candidatos a presidente com seus vices, assim como os postulantes ao cargo de governador também com seus vices, respectivas coligações ou federações e candidatos ao Senado com seus suplentes.

Então, como diria Galvão Bueno, “Haja coração!”. Muita coisa ainda vai acontecer até julho, quando iniciam as convenções partidárias. O retrato de hoje seguramente não será o mesmo nos próximos 90 dias.

Por suposto ,as indefinições são para eleições majoritárias. As proporcionais - para deputado federal e estadual - estão praticamente definidas, sobre quem sai candidato e por qual partido. Pequenas alterações ainda virão, com uma ou outra desistência, exclusão de nomes para composições de coligações e a busca até o limite legal pelos partidos de candidaturas femininas, conforme exigência da legislação.

Até as palmeiras da Praça da Liberdade sabem que será este processo eleitoral tenso e beligerante. Os destinos do nosso estado e da nação estarão em jogo, assim como o fortalecimento das nossas instituições e consolidação da nossa democracia.

Importante tanto quanto o processo eleitoral será o momento pós-eleição. Preocupemos e atentemos contra narrativas de derrotados questionando ou desmoralizando nossas instituições e o processo em si, com vistas a tumultuar e insuflar multidões. 

Almejamos e temos que buscar de forma incessante e obstinada um status quo de normalidade democrática, seguindo na resolução dos inúmeros e complexos desafios para os próximos mandatários da nação.

A conferir!

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