Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Candidatos mais falsos que o McPicanha

Publicado em 07/05/2022 às 06:30.

Em um mundo complexo e deveras injusto, em que transborda a desigualdade, a sobreposição de interesses pessoais ao público, a ganância financeira ilimitada ao bem comum, o egoísmo à coletividade, a descompaixão à solidariedade, casos simplórios que parecem apenas cômicos desnudam o cotidiano das relações humanas e comerciais.

A história de sucesso - merece o registro - da empresa responsável pela propaganda enganosa começou em 1937 com uma pequena barraca de hot dogs no município de Arcadia, estado da Califórnia, Estados Unidos. Três anos depois, os irmãos Maurice e Richard McDonald abriram a primeira unidade daquela que seria a maior rede de fast foods do mundo, a conhecida McDonald.

Com mais de 37 mil lojas espalhadas por 119 países, registrou lucro líquido de US$ 1,63 bilhão no quarto trimestre de 2021. Apenas no Brasil são mais de 2,5 mil unidades.

Uma potência mundial e um sucesso no marketing e na venda de seus produtos, indiscutivelmente.

Sendo uma empresa privada, por suposto tem como foco o lucro. Nada de errado nisso, pois é uma regra básica do jogo capitalista, gera milhares de empregos e tem uma ou outra ação de responsabilidade social. Sem a pretensão de analisar a qualidade dos seus produtos para a saúde, até por que já tem farto material por aí, espera-se da empresa que enxergue as pessoas não apenas como clientes, mas sim partes de uma relação de consumo respeitosa, cristalina e verdadeira. Ou seja, o produto que se anuncia seja exatamente o vendido.

Para os mais distraídos, que não acompanharam o recente noticiário, ficou comprovado e reconhecido pelo McDonald que o tal McPicanha, assim fartamente anunciado, não tinha nada da nobre e apreciada carne. Em linguagem fácil, propaganda enganosa para passar o consumidor para traz, fazê-lo de idiota! Nem mais nem menos! 

E veja que estamos falando de algo simples, consumir um sanduíche. Nós, clientes, vemos um anúncio e decidimos pelo mesmo ao chegar no estabelecimento. Pagamos e recebemos o que pedimos. É claro que na expectativa que o produto corresponda ao que nos foi dito pela propaganda ou pelo atendente. 

Mais grave e com consequências mais danosas para a saúde do país são os candidatos falsos como o McPicanha. Aqueles que nos enxergam apenas como eleitores, e não como verdadeiros cidadãos destinatários de políticas públicas eficientes, normas jurídicas úteis e favoráveis para o processo de fortalecimento da cidadania, para o nosso bem comum e qualidade de vida.

Sabemos muito bem das constantes propagandas enganosas em se tratando de eleições em que não são incomuns os casos de estelionatos eleitorais. Promessas irreais e mentirosas para todos os problemas, bradam discursos por valores e princípios éticos e ao assumirem o poder vão em direção contrária.

Tudo para lograr nosso voto e alcançar o poder. As consequências são enormes, não apenas para o bolso, como um mero sanduíche, mas para a qualidade de vida de todos e para gerações futuras.

Por fim, fiquemos atentos aos candidatos McPicanha!

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