Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Cenário eleitoral mineiro quase definido

Publicado em 21/05/2022 às 06:30.

Claro que, além da eleição presidencial, a de Minas Gerais requer também nossa atenção e dedicação na análise e escolha dos candidatos, sejam eles ao governo, ao Senado ou para os mandatos de deputados federais e estaduais.

As peças do xadrez não estão todas definidas, mas os tabuleiros das candidaturas majoritárias estão bem mais claros, tanto em relação ao espectro ideológico dos principais postulantes como das coligações e federações, assim como os alinhamentos com candidaturas à Presidência da República. Este ponto da maior relevância para o processo eleitoral e para o pós-eleição.

É cedo para afirmar com certeza que a disputa ao governo do estado será polarizada, mas no momento se destacam duas candidaturas anunciadas, a saber: do atual governador e que pleiteia a reeleição, Romeu Zema (Novo), e do ex prefeito da capital Alexandre Kalil (PSD). Este com conversas praticamente acertadas principalmente com o PT, que indicará seu vice, PSB e PV, garantindo palanque ao presidenciável Lula em Minas. Já Zema com conversas com o PP, União Brasil e outras legendas menores e com cristalina identificação política e programática com o presidenciável Bolsonaro. 

Aí começam as indefinições mais substanciais. Não obstante o Novo ter candidato à Presidência, parte bem considerável do eleitorado de Zema tem afinidades com Bolsonaro - seja política, programática ou aversão ao adversário petista e ao seu partido. Ainda não definido se o PL de Bolsonaro terá um palanque formal no estado, no caso o pré-candidato Carlos Viana. Por suposto, pesquisas qualitativas ditarão a decisão. Pois corre-se o risco de dividir o eleitorado de centro-direita e direita, favorecendo Kalil, e consequentemente Lula, no segundo e estratégico colégio eleitoral do país.

No radar deve estar também a pré-candidatura ao governo do ex-deputado tucano Marcus Pestana. Com reconhecida capacidade intelectual e de gestão, tem a seu desfavor a tardia decisão partidária pelo seu nome e da rocambolesca e suicida questão nacional com que vive seu partido, o PSDB, com a candidatura de João Dória. Incógnita maior se terá ou não candidato a presidente e do desafio de juntar os cacos com qualquer decisão que vier a ser tomada. Fato este diretamente relacionado se a candidatura de Pestana vai prosperar ou não, e qual o grau de viabilidade eleitoral junto a partidos políticos e aos mineiros. 

Outro ponto de destaque na sucessão mineira é a do Senado. Com apenas uma vaga para o pleito deste ano, vai despertar uma interessante disputa, em que a meticulosidade, articulação e planejamento certeiro e eficiente serão a tônica do xadrez eleitoral.

Pesquisas demonstram grande número de indecisos, sendo que, para esta eleição, a indefinição do cenário é bem maior quanto aos postulantes. Qual nome disputará o Senado na coligação de Romeu Zema? E na de Marcus Pestana? E na de Carlos Viana?

Nomes ventilados como Marcelo Álvaro Antônio, Duda Salabert e Cleitinho ainda não bateram o martelo. Até porque têm eleições de deputados muito bem encaminhadas e seguramente com votações expressivas, o que pode fazê-los desistir de uma disputa incerta e muito disputada como a de senador.

Definido está a decisão de reeleição do atual senador Alexandre Silveira, que recém assumiu o mandato, na condição de suplente de Anastasia, que tomou posse como ministro do TCU. Não obstante Alexandre ser filiado ao PSD - partido que tem Kalil como candidato ao governo e abrigo do palanque de Lula em Minas - tem o delegado de carreira da Polícia Civil relações e capacidade de agregar apoios em distintos setores políticos e ideológicos no estado, descolando das amarras de uma coligação formal a ser celebrada nas convenções partidárias. Fato este que lhe dá grande vantagem na disputa para o importante mandato de 8 anos no Senado da República.

Estes os cenários atuais. Definidos? Por suposto não. Surpresas inusitadas e imprevisíveis podem se concretizar. 

Tudo pode ocorrer? Nos termos da lei sim, inclusive nada!

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