Para os mais distraídos, ano que vem teremos eleições municipais, oportunidade para escolhermos prefeitos e vereadores nos 5568 municípios brasileiros.
Não obstante a polarização vigente entre bolsonaristas e lulistas, as eleições municipais têm suas especificidades, em que se destacam disputas locais entre grupos políticos historicamente adversários.
Nas capitais há forte tendência de seguir a polarização de 2018 e 2022 dos pleitos nacionais. Até porque 2024 será de grande importância para a eleição presidencial de 2026. Naquela, os postulantes da terceira via terão enormes desafios para lograrem êxito.
No RJ e em SP as definições estão mais avançadas. Na capital carioca o atual prefeito Eduardo Paes vai para a reeleição com apoio do PT, que possivelmente indicará o vice. Bolsonaro avança no apoio a Alexandre Ramagem, eleito deputado federal pelo Partido Liberal em 2022 e é ex-delegado da Polícia Federal. Ramagem foi convocado para chefiar a segurança pessoal de Bolsonaro após a facada que ele sofreu em Juiz de Fora.
Em SP Guilherme Boulos (PSOL) sai candidato coligado com o PT. O atual prefeito Ricardo Nunes, apesar de não ter atualmente unanimidade no grupo bolsonarista, deve ter o apoio do ex presidente. Numa terceira via, a deputada Tabata Amaral (PSB) possivelmente com José Luiz Datena de vice, recém filiado também ao PSB.
Já em BH o quadro está bem indefinido. O atual prefeito Fuad Noman não explicita se será candidato a reeleição ou não. E se for, indefinição total quanto ao formato de sua coligação. Pertence ao PSD, partido dividido quanto a sua candidatura, pois além de estranhamente não integrar a administração, tem seus expoentes o presidente do Senado Rodrigo Pacheco e o Ministro Alexandre Silveira alinhados ao PT de Lula. Resumindo: Lula tem a princípio três opções em BH. Alinhar a Fuad indicando o vice, candidatura própria do PT ou apoiar a Duda pelo PDT.
Já os bolsonaristas avançam numa estratégia que começa a delinear e pode se concretizar em breve. Não obstante terem comunicado que o candidato do grupo à PBH seria o deputado Bruno Engler, articulações recentes indicam mudança de rota, com a sinalização de lançar o Senador Cleitinho candidato a PBH pelo partido Novo, atraindo assim o importante apoio do governador Zema, muito bem avaliado também na capital mineira. Para tanto, Cleitinho tem até 06 de abril (seis meses antes do pleito) para mudar seu domicílio eleitoral de Divinópolis para BH.
Relevante citar que Bolsonaro venceu Lula no segundo turno em Belo Horizonte com 54,25% contra 45,75% do petista. E Zema, eleito no primeiro turno, venceu Kalil (apoiado por Lula) na capital mineira por 46,56% a 42,54%.
Como candidata a vice, possibilidade da recém filiada ao Novo a secretaria de estado de planejamento Luíza Barreto, ou um nome do PL, caso assim o exija. Incógnita como se posicionarão partidos do centrão como Progressistas, Republicanos e União Brasil, além do MDB e o PSDB de Aécio Neves.
O projeto inicial de Cleitinho era o governo do Estado em 2026. Mas com a disputa em 24 pode ganhar mais visibilidade e manter o mandato como senador. E por suposto, se lograr êxito, comandar a terceira capital do país, um baita desafio.
E para o atual vice-governador Mateus Simões, candidatíssimo à chefia do executivo em 26, nada mal atrair Cleitinho para o Novo para tirá-lo da disputa a governador.
Outros nomes que buscam viabilizar candidatura como terceira via terão enormes dificuldades no processo, como o presidente da Câmara Municipal Gabriel Azevedo e o ex vice-governador Paulo Brant.
Nos bastidores 2023 chega ao fim com fortes articulações. Aguardemos fatos vindouros no início de 2024 para definição do quadro sucessório em BH, na expectativa de discussões e debates acerca dos reais problemas da cidade com factíveis propostas, e não vazios e meros superficiais debates ideológicos e de temas nacionais.