Percentual considerável da capital mineira tem um estranho sentimento, ou constatação, de que a cidade parou no tempo. Vácuos se evidenciam. Inexistem políticas públicas arrojadas e inovadoras no campo econômico e social; praticamente ausentes grandes obras na cidade; falta sinergia profícua entre executivo e legislativo em prol da cidade; não se vêm parcerias efetivas com os governos do estado e o federal em prol da população. Nada!
É como se a nossa BH estivesse nos primórdios século XX. Governantes pacatos e inertes gerenciam a cidade ao estilo do “deixa a vida me levar, vida leva eu”. As eleições municipais do próximo serão uma oportunidade ímpar para tirar BH da letargia de uma dosagem excessiva de rivotril que impera na gestão política da cidade há tempos.
O cenário eleitoral ainda está indefinido, mas nos bastidores conversas e articulações já foram iniciadas. Em destaque análises quanto aos principais cabos eleitorais do processo: Lula e Zema.
Quanto ao primeiro, pairam dúvidas sobre se o PT lançará candidato próprio ou apoiará algum nome de algum partido aliado de esquerda. Inquestionável a força do apoio de Lula a algum nome, principalmente se a economia estiver bem no próximo ano. Ponto relevante a analisar é se Lula entrará forte na campanha, pois não pode comprometer a coesão da sua base no Congresso, principalmente se o centrão embarcar no governo.
Até porque sua prioridade não é a eleição de 24, mas a sua provável candidatura à reeleição em 2026. Ou seja, a candidatura de um nome da esquerda em BH será definida em Brasília e pode não ser prioridade no jogo do poder do núcleo central petista!
Já Zema tem uma situação mais confortável para entrar de cabeça na campanha em BH e eleger um prefeito de centro/direita, algo inédito desde a redemocratização em 1985, pois à partir de 1986, foram eleitos em sequencia Sérgio Ferrara (PMDB), Pimenta da Veiga (PSDB) e após sua renúncia para disputar o governo assumiu seu vice Eduardo Azeredo (PSDB), Patrus Ananias (PT), Célio de Castro (PSB), Fernando Pimentel (PT), Márcio Lacerda (PSB), Alexandre Kalil (PHS, depois PSD) e após sua renúncia para disputar o governo assumiu seu vice Fuad Noman (PSD), atual chefe do executivo municipal. E que demonstra não ter apetite para se candidatar à reeleição ano que vem.
No campo de Zema, estrategicamente identificam-se destacados nomes como Marcelo Souza, Eduardo Costa, Marcelo Aro e Bruno Engler. Cada um com suas potencialidades. O primeiro, atual presidente da CDL/BH e do Sebrae MG, se destaca com uma visão moderna e empreendedora do desenvolvimento econômico e social para a cidade e pelas relações com os setores produtivos da cidade. Já o jornalista Eduardo Costa é mais conhecido, com uma visão social apurada e proximidade com o Vice-Governador Mateus Simões. Marcelo Aro é atual secretário de Estado da casa civil, tem representativo grupo de vereadores em BH ligado a ele e é dos quadros do PP, partido do centrão e com potencial para articular neutralidade de Lula no pleito. E, por fim, o deputado estadual Bruno Engler, nome com maior identificação com setores e militancia da direita na cidade, com grande potencial de mobilização virtual e política.
Caberá a Zema atuar para unificar seu campo político, incluindo partidos do centrão no
Congresso e que o apoiam na ALMG. Sua vitória em 2024 na capital mineira será de grande significado político para suas pretensões em 2026.
Outros nomes potenciais e conceituados como o Senador Carlos Viana e o vereador Gabriel Azevedo, atual presidente da Câmara de Vereadores, também ensaiam postular seus nomes. Mas sem apoios de um dos principais cabos eleitorais, Lula e Zema, o cenário para ambos é bem desfavorável. Não obstante isso, poderão se tornar candidatos viáveis, afinal eleição não é ciência exata e não é algo racional, e sim emocional.
Aguardemos as definições e que vença o melhor para BH!
Doutor em Direito pela UFMG e professor da Academia da PMMG