De uma maneira ou de outra, todos estamos afetados por este momento triste, interrogante, estranho, obscuro, assustador e singular da atualidade com esta pandemia que chegou de forma inesperada e sorrateira, afetando sobremaneira nossas relações pessoais, sociais, sentimentais, familiares, profissionais e financeiras.
Por mais insensível e racional que seja uma pessoa, há o que se passa no íntimo de todos, independente de classe social, gênero, posicionamento ideológico ou concepções religiosas. Um parente ou amigo que se foi, um vizinho internado, uma vaga em UTI que não chega, um conhecido que perdeu o emprego, a fome de inúmeros, seja de alimentos ou de fé.
Estudos de especialistas reconhecem públicos em destaque que merecem atenção diferenciada e atenção maior de todos quanto aos efeitos da pandemia: os idosos, os pré-adolescentes e as crianças. Quanto a estas, um momento da inocência, um mundo inteiro a ser descoberto e desvendado, a importância do contato presencial, principalmente escolar, como parte intrínseca ao desenvolvimento pessoal e indispensável ao processo de protagonismo de cada um quanto a seu futuro. E de repente algo estranho chega “invadindo” o mundo destes seres encantadores.
Nestes termos, travei um bate papo com a Gabi, uma doce menina de 11 anos, estudante do colégio Santa Doroteia em BH, com uma sólida criação por seus familiares e acesso a bens e equipamentos que infelizmente poucos conseguem, frente à brutal desigualdade brasileira.
Gabi, o que é a Covid pra vc? A Covid é uma doença que atinge muitas vidas e que mata milhares de pessoas todos os dias no mundo todo. Ela nos fez ficar em casa e que nos ajudou a valorizar mais nossa família e amigos. Ela nos fez refletir, e perceber que momentos que antes eram comuns, como festas, abraços, encontros entre amigos e familiares têm um valor.
O que mudou na sua vida com esta pandemia? A pior parte da pandemia foi que ela fez com que momentos comuns que nos davam as melhores recordações se tornaram memórias. Apesar de ter nos ajudado a refletir, a Covid tem muitos pontos ruins, muitas pessoas estão passando por momentos difíceis em suas vidas por terem perdido alguém próximo e por estarem desempregadas.
O que sente mais falta de fazer que não pode neste momento? Sinto falta de não poder ir à escola e encontrar os meus amigos, não poder abraçar meus tios e minha avó, não poder sair despreocupada, não poder guardar mais memórias inesquecíveis.
O sobre a vacina? Espero que a vacina chegue a todos mais rápido, para que assim, voltemos a ter uma vida normal. Na verdade, nossa vida nunca voltará ao normal, pois a Covid nos fez ter pensamentos diferentes e nos fez valorizar cada segundo de nossas vidas. Se depender de mim, quando todos estiverem vacinados o mundo será melhor. Mas, não depende somente de mim, depende de todas as pessoas quererem, e terem mais amor e respeito ao próximo. Acho que a vacina do Covid é muito importante, pois ela vai proteger o nosso organismo.
Você acha que as crianças precisam ser vacinadas? As vacinas são essenciais para todas as idades. Por isso, acho que as crianças também devem ser vacinadas. Nós também devemos ter uma imunização mais forte contra o vírus. Tudo bem, nós crianças somos mais resistentes contra o Covid, mas, não é por isso que vamos deixar de tomar a vacina.
Como acha que será o mundo quando passar isso tudo? Todos que viveram e sobreviveram a esta pandemia nunca irão esquecê-la. Acho que quando eu for adulta, vou ter diversas lembranças dessa pandemia. Mas, não irei lembrar somente das coisas ruins. Irei agradecer por ter sobrevivido, por ter tido comida na mesa todos os dias e por ter tido aulas online. E irei me lembrar da quarentena como um momento de reflexão. No entanto, é impossível não se lembrar das tragédias que o Covid causou, ele tirou muitas vidas, afetou a economia, e mudou o nosso estilo de vida.
Que os sentimentos e anseios da Gabi irradiem para todos, sempre com muita fé num futuro próximo maravilhoso que nos espera.