Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Imbróglios e indefinições das eleições para o governo de Minas

Publicado em 24/10/2025 às 06:00.

A menos de um ano das eleições de 2026 (serão  em 4 de outubro), muitas indefinições pairam tanto quanto à eleição presidencial quanto para o governo de MG, seja no campo da esquerda como no da direita.

Uma diferença básica deve ser destacada. Política é paixão. Em uma eleição, a emoção se sobrepõe à razão. E um candidato deve empolgar e mobilizar o eleitorado impulsionado pelo seu carisma. 

Assim sendo, em relação à eleição presidencial o campo da esquerda está bem posicionado com a candidatura à reeleição do Presidente Lula, com seu carisma evidenciado e os ventos recentes favoráveis. Sem contar com a força incomensurável da máquina governamental. 

Sua força perante seus séquitos, formadores de opinião, artistas e influenciadores digitais de esquerda fica evidenciada, como exemplo, pelo silêncio ensurdecedor de decisões do petista em direção contrária ao tradicional pensamento desse campo ideológico, como temas ambientais (liberação de pesquisa para exploração de petróleo na foz do Amazonas) e indicações a postos estratégicos (no caso ao STF) ignorando a igualdade de gênero. Imaginem se tais decisões e posicionamentos fossem originárias de um governo de direita como seriam as reações desses setores!

Já no campo da direita, o também forte carisma do inelegível Bolsonaro, que em breve poderá estar preso, deixa um segmento ideológico órfão e até o momento perdido, sem estratégia e unicidade. Quanto mais tempo Bolsonaro demora em definir o nome que encarnará a direita, mais Lula navega em mares calmos e pavimenta sua reeleição.

E nesse caso, apenas o governador de SP Tarcísio tem a capacidade atual de unir o campo e levar eleitores apaixonados da direita às ruas em defesa de seu nome. Os demais nomes colocados são líderes com forças regionais e distantes de mobilizar massas país afora.

Quanto às eleições ao governo de Minas, o quadro é ainda mais claro no sentido de ausência até o momento de qualquer nome que assumiu a candidatura, seja da esquerda ou direita, que detenha carisma mobilizadora de paixões pelo seu nome.

Alguns querem, mas ainda nenhum desponta como um forte nome, seja por indefinições de Brasília, rejeição alta nas pesquisas, falta de um grupo partidário forte ou desconfiança devido a posturas adotadas e dúvidas da capacidade de governar um estado complexo com brutais idiossincrasias e desafios como MG.

Intrigante vermos Minas nessa situação. Vários fatores podem nos ajudar a compreender este fato. Um deles, creio, é que na política atual ganham destaque os nomes midiáticos das redes sociais, em que as curtidas e muitas postagens deturpadas e com fake news têm mais importância que a boa política, a capacidade de diálogo, de buscar convergências programáticas em prol do interesse público e do bem comum.

Recordemos nossa Minas e alguns de seus políticos com seus importantes legados, como exemplo Afonso Penna, JK, Milton Campos, Rondon Pacheco, Tancredo, Itamar e Anastasia.

E por fim para aqueles que realmente postularem o governo do nosso Estado, que se inspirem nestes e em outros que atuaram e exerceram seus mandatos de forma digna e com a nobreza que deve ser a boa política, em que o interesse público esteja acima de postagens, curtidas e medidas populistas.

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