Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

A prisão de Bolsonaro e o alerta que o Brasil não pode ignorar

Publicado em 01/12/2025 às 06:00.

Escrevo esta coluna como cidadão que acredita profundamente na democracia, na justiça e na liberdade. O que estamos presenciando com a prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro ultrapassa, e muito, a figura de um homem. É um sinal perigoso de que algo está profundamente errado no modo como certas instituições têm atuado no Brasil.

Não estamos diante da prisão de um corrupto, de alguém acusado de desviar dinheiro público ou de usar o Estado em benefício próprio. Estamos vendo a prisão de um ex-presidente que conduziu a nação durante uma das maiores crises sanitárias da história moderna e que deixou o país com avanços econômicos, estatais enxutas e sem escândalos de corrupção. O que está em jogo não é apenas o destino de Bolsonaro, mas o espaço democrático da oposição.

Quando o principal líder político de um campo ideológico é colocado atrás das grades de forma controversa, o recado enviado aos seus apoiadores é claro e preocupante: se fizeram com ele, podem fazer com qualquer um. É um gesto que ultrapassa a disputa política e invade o território perigoso da intimidação e do silenciamento.

A justificativa para a prisão, a suspeita de um “golpe de Estado” sem armas, sem tropas, sem comando e com o ex-presidente nos Estados Unidos gera mais perguntas do que respostas. Até hoje, não foram apresentadas provas sólidas que demonstrem sua participação nos atos de 8 de janeiro. Pelo contrário, imagens e evidências que ajudariam a esclarecer a presença de infiltrados ou a real dinâmica dos acontecimentos simplesmente desapareceram.

E enquanto isso, centenas de brasileiros continuam presos há mais de dois anos, muitos deles idosos, pais e mães de família, sem direito de defesa adequado e recebendo penas extremamente desproporcionais. Casos como o de Débora “do Batom”, condenada a mais de dez anos por uma frase que foi removida com água e sabão, ou o de Clezão, que faleceu na prisão sem julgamento, são feridas abertas na credibilidade do sistema de justiça.

Por isso, reafirmo: defendo a anistia ampla, geral e irrestrita para todos os envolvidos no 8 de janeiro que não cometeram crimes graves contra pessoas. O Brasil precisa virar essa página com justiça, equilíbrio e respeito aos direitos fundamentais.

Mas o que mais me preocupa é o cenário que está sendo desenhado. Caminhamos para um ambiente onde a direita será impedida de se reorganizar, onde a oposição será enfraquecida e onde a eleição de 2026 poderá ocorrer com desequilíbrio democrático.

E, paralelamente, vemos o avanço acelerado de pautas que não representam os valores do nosso povo, que é majoritariamente conservador e cristão. Falo da defesa da liberação das drogas, do aborto, da ideologia de gênero, do desencarceramento em massa e de discursos que normalizam o crime como se o bandido fosse sempre uma vítima da sociedade.

Como cristão, como pai e como agente público, vejo com enorme preocupação a aproximação ideológica do nosso país com modelos como China e Venezuela, onde a liberdade de expressão e a liberdade religiosa são tratadas como ameaças e não como direitos fundamentais.

Escrevo esta coluna como um alerta, mas também como um apelo. Que os brasileiros de bem compreendam a gravidade do momento. Não podemos aceitar abusos travestidos de legalidade, nem permitir que a justiça seja usada como instrumento político.

Que Deus tenha misericórdia do nosso Brasil. Que justiça seja feita. E que não nos falte coragem para defender a liberdade, a verdade e a democracia.

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