Na semana passada, realizei na Câmara Municipal uma audiência pública para tratar de uma das questões mais críticas da mobilidade em Belo Horizonte: o alargamento da pista no trecho do pontilhão ferroviário entre os bairros Betânia e Vista Alegre. Um local onde o trânsito trava, onde vidas se perdem, e onde o poder público precisa agir com urgência.
Tivemos a presença de representantes da Smobi, SMMUR e Seinfra — entre eles o Secretário Leandro César Pereira, o Secretário Guilherme Willer Santos e Campos, o Diretor Fernando Pessoa e o Diretor de Gestão Ferroviária, Carlos Alberto Carvalho. Uma audiência produtiva, com avanços, mas também com frustrações.
Fiquei satisfeito ao saber de dois pontos importantes. O primeiro é a confirmação de que a municipalização do Anel Rodoviário está cada vez mais próxima. Essa mudança é essencial. Enquanto a via continuar sob responsabilidade federal, pouca coisa será feita. O histórico é claro: décadas de abandono, independentemente de quem estivesse no governo. A única intervenção concreta até hoje foi resultado direto da nossa atuação: a área de escape entre Olhos D’Água e Betânia, que já evitou ao menos 16 tragédias e zerou os acidentes fatais naquele trecho — inclusive no último feriado.
A segunda boa notícia é que uma nova área de escape está sendo considerada. É viável e está em discussão. Isso significa mais uma oportunidade real de salvar vidas. E quando a gente consegue unir técnica e vontade política, a cidade ganha.
Mas nem tudo foi motivo de comemoração. Fiquei profundamente desapontado ao descobrir que não há qualquer projeto para o alargamento da via próximo pontilhão da linha férrea. Justamente um dos pontos mais perigosos do Anel Rodoviário. Para piorar, essa intervenção sequer está prevista no contrato de concessão da Metrominas. Um verdadeiro descaso. Perdemos tempo demais. Pedi aos representantes que levem esse tema à reunião da próxima semana. Aquele trecho é causa direta de mortes, e não dá mais para tratá-lo como se fosse apenas um problema de fluxo. É uma tragédia anunciada.
Outro gargalo grave: o viaduto da Avenida Amazonas. Também não há qualquer projeto aprovado para ampliação da passagem de veículos. Mais um ponto em que a omissão custa caro.
O direito à mobilidade segura está diretamente ligado ao direito à vida. A Constituição é clara: cabe ao poder público garantir isso. Não podemos continuar empurrando a responsabilidade de um lado para o outro enquanto a população sofre.
A solução começa com a municipalização do Anel. Só assim poderemos agir com mais agilidade, planejamento e responsabilidade. A hora de mudar essa realidade é agora. Já salvamos vidas com a área de escape — agora, queremos salvar muitas outras com projetos de verdade. Basta de promessas. O tempo da espera acabou.