Apesar de ainda bastante notável na paisagem urbana da região do Barreiro, a imponente torre de tijolos da olaria da antiga Fazenda do Pião evidencia claros indícios de deterioração, como fissuras e fendas, com sua extremidade já em parte desmoronada.
O antigo e emblemático tubo de exaustão é o remanescente de um vasto conjunto de edificações que incluíam a olaria, pedreira, galpões e oficinas dos colonos italianos Gatti, que compraram terras da Fazenda do Pião, originalmente pertencente ao senhor de escravos Coronel Damaso da Costa Pacheco.
Diversas famílias de imigrantes italianos, portugueses, alemães, japoneses, espanhóis, entre outras nacionalidades, se estabeleceram inicialmente na "Colônia Agrícola Vargem Grande" no final do século XIX, onde se dedicaram à agricultura e produção de alimentos, abastecendo a região do Curral Del Rey, aproveitando a fertilidade do solo e a abundância de riachos.
Por isso, em 2019 protocolei na prefeitura o ofício 1209/2019, solicitando as providências necessárias para a realização de obras de restauração, bem como a abertura de um processo para o tombamento da imponente chaminé.
Já são 5 anos de luta com a comunidade para que esse cartão-postal da regional Barreiro se mantenha vivo. Recentemente visitamos mais uma vez o local junto à prefeitura e moradores e as notícias foram animadoras. Conhecemos o projeto e recebemos a confirmação de que nossa torre, a nosso pedido, será escorada, restaurada e, além disso, uma bela praça será construída em seu entorno. Posteriormente a torre será tombada e se tornará patrimônio histórico da nossa cidade.
Para o senhor Coelho, que foi admitido pela olaria em 1951, a revitalização da chaminé é um “marco emocionante”. Na Vila Marieta, que margeia a antiga chaminé, o senhor Geraldo Eustáquio, conhecido como Geraldo Preto, relembra com saudosismo os amigos que trabalharam por lá. “Eu carregava tijolo no carrinho. Mesmo com apenas 10 anos de idade a gente trabalhava com muita alegria”, afirma. “Quando ouvimos falar que iriam derrubar a torre, ficamos muito tristes. Ver o trabalho do Irlan para restaurar ela foi muito importante para todos nós”, disse o famoso Catatau.
Será o primeiro bem tombado na regional Barreiro, uma grande conquista para a cultura e identidade da comunidade e irá representar tanto o resgate quanto a preservação da história e da memória do Barreiro e de todo o povo belo-horizontino. Fico muito feliz em poder participar desse processo.