Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

O carnaval e a maquiagem nos problemas da cidade!

Publicado em 12/02/2024 às 06:00.

Para muitos o carnaval é só um, para outros um tempo de descanso ou até mesmo um escape em meio a tanto sofrimento. Durante o período do Império Romano, eram realizadas suntuosas festividades e espetáculos, incluindo representações teatrais, competições e os notórios, porém desabonados, eventos esportivos.

Os jogos eram de acesso gratuito, atraindo tanto os estratos mais abastados da sociedade romana quanto as camadas mais humildes, também conhecidas como plebeus.  Essa prática promovida pelos imperadores estava imbuída de uma estratégia política: a política do Pão e Circo.

A plebe constituía a classe mais baixa da sociedade, representando a maioria da população, composta por trabalhadores e agricultores. Apesar de desprovida de direitos políticos, a plebe, por ser numericamente superior, possuía um significativo peso político, justificando assim a implementação da política do Pão e Circo.  Tais eventos tinham a finalidade de entreter a plebe e aumentar a popularidade dos líderes romanos.

Essa velha forma de fazer política é comum por aqui e na época do carnaval isso fica ainda mais evidente. Em tempo de folia, os governantes ignoram todos os problemas e focam na festa. E no embalo desse bloquinho, não só os políticos, mas a imprensa também dá um pause e vende a imagem do brasileiro como o povo mais feliz da face da Terra. Tudo isso para entreter e fazer a população esquecer, nem que seja por um tempo, de todos os seus sofrimentos.


Enquanto os holofotes estão na festa, por exemplo, a PBH não tem levado a sério a questão alarmante da dengue. Somente no penúltimo fim de semana foram registradas 1.206 pessoas com suspeita de dengue. Em relação ao fim de semana anterior, houve um aumento de 58,89%, quando foram atendidas 759 pessoas sintomáticas. Segundo dados do boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde em 1º de fevereiro, a capital mineira registrou, em 2024, duas mortes causadas pela dengue. Foram 1.414 casos confirmados e 7.647 suspeitos. Fora as subnotificações. Por isso, na Câmara temos cobrado ações mais efetivas de combate à dengue.

Uma situação delicada que a prefeitura ignora é sobre o Parque Municipal para o encontro de blocos afro da cidade. Nosso prefeito parece não se importar tanto com os danos à flora e com o bem-estar e a proteção dos mais de 300 gatos e espécimes silvestres que habitam o parque.

Ainda tem a drástica situação do transporte público. Enquanto alguns se divertem, milhares de pessoas não sabem se terão ônibus para trabalhar ou voltar para casa. Com todos esses problemas, a imagem que se vende para atrair os turistas é bem maquiada, né?! Como dizem que o ano só começa depois do carnaval, o que nos resta é contabilizar os prejuízos e retomar a vida real depois que o bloquinho passar.

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