José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

1983: o ano dos 79 milhões

Publicado em 13/12/2023 às 06:00.

Recentemente participei do encontro anual da turma de 1983 do Batalhão de Trânsito da PMMG, carinhosamente chamada de “turma dos 79 milhões”. Isso é uma referência aos nossos números funcionais, todos iniciados por “79”. Desta vez o anfitrião foi o Sargento Jeferson, a quem agradeço a acolhida, em nome de toda a turma. 

Naquela década de 1980 a crise de desemprego era bem maior que a atual. Então, havia entre os candidatos as mais variadas motivações para ingressar na carreira policial, desde a necessidade de emprego até a mais autêntica vocação.

A turma dos 79 milhões, à qual me alegro pertencer, rendeu bons frutos para a sociedade. Vou citar alguns exemplos, com a licenciosidade de não usar pronomes de tratamento, considerando a nossa amizade de quatro décadas.


O Wagner fez carreira até Coronel. O Pimentel chegou a Capitão. Muitos brilharam na carreira de Sargento até chegarem ao oficialato. Outros foram para a Polícia Civil. O Brito tornou-se um ótimo advogado. O Ricardo e eu fomos para a Polícia Federal.
Muitos fizeram concursos para outras repartições públicas. 

E o que há de comum entre os integrantes dos “79 milhões”? O gosto pelos estudos. Isso já estava claro durante o nosso curso de formação policial. Constituímos um grêmio animado e participativo. Apresentamos uma peça de teatro, no estilo de programa de auditório televisivo, para contar a história de Tiradentes e da PMMG. 

Nunca vamos nos esquecer do Sincero Inácio, no papel de Jota Silvestre, proclamando num vozeirão “aaabsolutamente ceeerto”, sempre que o candidato acertava mais uma pergunta. A peça fez tanto sucesso que o Tenente Carence nos designou para apresentá-la novamente aos oficiais. 

Tudo isso exigiu união e empenho nos estudos. Então, não é surpresa que a nossa turma tenha dado tantos frutos. E, para quem se queixa que não tem tempo para estudar, nossas jornadas eram bem puxadas. O turno matutino, por exemplo, começava às 05:45 e, se tudo corresse bem, era encerrado ao meio-dia e meia. 

Mas, como se diz no meio policial, temos hora para iniciar o trabalho. A hora de encerrá-lo,,, só Deus sabe. Além disso, pelo menos uma vez por semana havia instrução e educação física. E ainda achávamos tempo para estudar.


Então - colegas e amigos da turma dos 79 milhões - nós somos inspiração para muitas pessoas, a começar pelos mais jovens que nos são mais próximos. E, entre tantos bons exemplos, o melhor que deixaremos nesse mundo é o gosto pelos estudos. Foi assim que nós triunfamos.

Desejo bons estudos a todos os amigos e familiares da turma “dos 79 milhões”. 

* Advogado, professor da Faculdade Promove, autor de “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras. 

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