Toda empreitada de sucesso exige renúncia, dedicação, empenho e disciplina de um soldado. O histórico de grandes empresas registra a presença de algum sócio que superou dificuldades, levando adiante um sonho na base de 10% de inspiração e 90% de transpiração.
Por outro lado, os fracassos podem resultar da ausência de dificuldades a serem enfrentadas. Isso leva o indivíduo a se recolher à sua zona de conforto, de modo que nunca ousa em nenhum projeto de sucesso. Para ele, a vida está boa e não precisa melhorar. Mas as dificuldades chegam um dia. E quem não está preparado para enfrentá-las sucumbe na lama do fracasso.
No âmbito das famílias, a armadilha pode estar numa boa posição social, que leva a geração seguinte a se acomodar, na falsa imprensão de que as dádivas da riqueza materna ou paterna serão eternas. Para quem é filho de funcionário público, essa armadilha pode ser ainda mais perversa, sobretudo quando os pais se aposentam.
É que, diferentemente do que ocorre no setor privado, o padrão de vida é mantido, pois os funcionários públicos recebem os mesmos proventos, como se estivessem em atividade. Isso reforça nos filhos a acomodação numa zona de conforto, como se jamais tivessem que prover a si mesmo, como se os pais e suas riquezas fossem eternos.
Tive alunos que somente acordaram para a realidade depois que perderam os pais, e junto com eles o padrão de vida. Somente lá pelos trinta e poucos anos é que se viram no campo de batalha da vida. Em sua maioria, não se enveredaram pelo mal caminho por causa da principal herança: a dos valores morais. Desse modo, souberam enfrentar dificuldades quase intransponíveis.
Viram-se obrigados a concorrer com os mais jovens. Tiveram, em plena meia-idade, que prover famílias já formadas. Organizaram o tempo entre os estudos e o trabalho (muito trabalho). Tudo isso, não para conquistar um padrão de vida melhor, mas para recuperar uma parte do padrão que tiveram na infância e na adolescência.
Isso talvez explique o fato de, nos concursos em geral, os de origem pobre serem mais bem sucedidos, ao passo que os abastados precisam se dedicar um pouco mais aos estudos. Talvez explique também o provérbio da sabedoria popular, escolhido para nominar este artigo: “Avô rico, pai nobre, neto pobre”.
Seguindo a lógica desse provérbio, o avô pode ser um grande empresário ou funcionário público de alto escalão. O pai pode ser aquele adolescente que acreditava na eternidade do padrão de vida. O neto, o neto... Bem, leitor se você for o neto, espero que se redobre no empenho, pulando uma geração nessa história e colecionando triunfos na vida. Desejo-lhe sucesso!!!