José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Ensino, aprendizagem e ideologia

José Roberto Lima
Publicado em 17/08/2022 às 06:00.

Desde a primeira aula numa nova turma, os alunos ficam sabendo que sou neutro quando o assunto é ideologia, política e religião. Levo tão a sério a neutralidade que a estendo ao futebol. É por isso que torço para o meu querido Esporte Clube Ribeiro Junqueira, o Dragão de Leopoldina.

Reconheço, porém, que estamos chegando a um momento em que convém romper a neutralidade. Afinal, “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise” (Danti Alighieri, em “a divina comédia”).

Mas redobremos o cuidado com as paixões políticas. Elas nos conduzem à intolerância, à hipocrisia, demagogia e – principalmente – nos levam à alienação.

É nesse ponto da prosa que chegamos à importância da relação ensino- aprendizagem. Ensinar é, sobretudo, afastar os alunos da alienação. Ela impede que muitas pessoas tenham a percepção clara de como as decisões governamentais nos afetam, seja para nos prejudicar ou para nos beneficiar.

Durante a Segunda Guerra, muitos alemães foram beneficiados pelas riquezas que os nazistas subtraíam de outros países, desde petróleo até obras de arte. E você acha que o cidadão, ao abastecer o carro num posto, pensava na origem da gasolina?

Em geral, não se fazia esse questionamento. Não é por acaso que uma das providências do Tribunal de Nuremberg foi levar cidadãos alemães, entre os simpatizantes do nazismo, até os campos de concentração. E somente assim essas pessoas “caíam” na realidade sobre o governo que outrora apoiaram.

Eis um exemplo mais recente: quando começou a pandemia, nenhum país estava preparado para as demandas de produtos hospitalares. Somente a China conseguiu produzir rapidamente os itens que eram necessários.

Então, Donaldo Trump, Presidente dos EUA naquela época, não teve dúvida: confiscou as preciosas cargas hospitalares que vinham da China. E você acha que o cidadão estadunidense, quando precisava desses itens, pensava na origem deles?

Por outro lado, o que deve fazer o governante? Deixar seu povo à míngua? Ou valer-se de condutas que beneficie as pessoas, ainda que eticamente questionáveis? Se você escolher a primeira opção, encontrará inimigos de imediato. Se escolher a segunda, conquistará a simpatia de milhares de seguidores. Mas, cedo ou trade, a conta chegará.

A relação ensino-aprendizagem serve para reflexões como essa. Leve-a em conta nas próximas eleições. Veja se as promessas do seu candidato nos levarão a um Estado eficiente.

E, considerando a temática central desta coluna, saiba que eficiência estatal depende da realização de concursos. Porque muitas repartições púbicas estão quase fechadas, por déficit de pessoal.

Então, seja quem for o eleito, muitos concursos virão por aí. Esteja preparado.

A todos eu desejo bons estudos.

Advogado, professor de Direito Penal, autor de “Como passei em 16 concursos” e“Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras

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