E será que, por trás disso, há alguma perturbação emocional? É claro que, em tudo na vida, o exagero não faz bem para ninguém. Mas qual é o problema de se encantar por um objeto que imita um ser vivo?   

Por acaso alguém se importa com os colecionadores de carros em miniaturas? Há quem brigue se esses carrinhos forem tocados de qualquer jeito. Alguém se espanta quando um homem compara o design de um carro de verdade com as curvas femininas?

Não há nada de errado em termos um hobby. Mas, continuando nas “fantasias automobilísticas”, são comuns os casos em que a esposa se queixa que o marido cuida do carro com mais carinho do que dela mesma.

“Mas as mulheres que cuidam de um bebê reborn chegam ao cúmulo de comparecer a um hospital para cuidar da saúde da criança de brinquedo”. Poderia alguém argumentar assim. De fato, circulam na internet vídeos de supostos atendimentos desses “bebês” em hospital. De nada adiantou a autora de um desses vídeos esclarecer que tudo não passa de uma fantasia.

E logo surgiu a pecha de “mulher perturbada”. Mas quem é, de fato, perturbado? Quem tem como lazer, e até como fonte de afeto, um bebé reborn ou quem acreditou que realmente ele foi atendido num hospital? Quem precisa de tratamento: quem se encanta com um boneco que parece verdadeiro ou quem mata no trânsito porque foi ultrapassado?

Deixemos que cada um viva em paz com seus hábitos. E o exercício livre deles pode contribuir muito com os estudos. Porque, mais do que repouso, nosso cérebro precisa de momentos de lazer e fantasias.  

Assim, quando você for aprovado num concurso ou no Enem, entenderá como foram importantes as horas de estudos, mescladas com atividades que te dão prazer. Então, curta à vontade o seu hobby preferido. E bons estudos.

* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve nesse espaço às quartas-feiras.