José Roberto LimaJosé Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”

Funcionários públicos demais?

Publicado em 20/10/2020 às 19:50.Atualizado em 27/10/2021 às 04:50.

A imprensa tem divulgado o caos no INSS. A situação se agravou com a recente recusa dos médicos em trabalharem num ambiente que eles consideram propício para contraírem a Covid-19. 

Essa crise não é responsabilidade exclusiva do atual governo. Mas convenhamos: a atuação de autoridades que desprezam a Ciência... Isso atrapalha mais que ajuda. 

Nesse contexto, não se realiza concurso no INSS desde 2015. No mesmo período, 12 mil servidores se aposentaram. Então, como pode aquela repartição prestar serviços minimamente eficientes? 

Por outro lado, em meio a notícias de corrupção e serviço público sucateado, persiste o discurso de que temos funcionários públicos demais. Isso é falso! E se presta unicamente a um posicionamento ideológico. Comparando com o Brasil, os países europeus têm, na média percentual, mais que o dobro de funcionários públicos. 

Além do INSS, a recém criada Agência Nacional de Mineração é outro (mau) exemplo. Quando houve o rompimento da barragem de Mariana, o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral tinha apenas 8 fiscais para toda a atividade minerária em Minas Gerais. 

Aí, veio aquele incidente. O discurso político foi de fiscalizar para evitar novas tragédias. E foi criada a Agência Nacional de Mineração. Então, é de se pensar que o quadro de fiscais foi ampliado, certo? Errado. 

Atualmente a Agência Nacional de Mineração, em vez de 8, conta com apenas 4 fiscais para todo o Estado de Minas Gerais. Isso é um convite à mineração irregular. Talvez não tenha sido por acaso que ocorreu mais um rompimento, em Brumadinho.

E os governantes, considerando sobretudo as eleições de 2022, que logo chegarão, não querem pagar o custo político desse caos. Então, mesmo com a orientação ideológica de “enxugar a máquina”, o Poder Público não tem alternativa senão recompor o quadro de funcionários.

Porque a atual conjuntura do INSS e da ANM nos leva a perguntar, com resposta quase explícita: temos funcionários demais? 

A todos, de modo especial aos que seguem se preparando, sem cair na conversa de fim dos concursos, desejo bons estudos.

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